segunda-feira, 11 de março de 2013

New Begginning - Capítulo 112



Harry, olha para mim.
Quando ele se desencostou do pilar e se colocou à minha frente, ouvimos o carro de Zayn chegar. Olhámos na direção da entrada, e Zayn saiu do carro, dando a volta a este para entrar no jardim da casa de Harry.
- Hey – cumprimentou Zayn, mas eu continuava a fixar o moreno à minha frente. – Bella?
Alternei o olhar entre ambos, e engoli em seco.
- Amanhã falamos – falei para Harry. – Depois vem buscar-me ao trabalho e vamos jantar ao Nando’s ou algo assim.
Ele assentiu, com um sorriso a rasgar-lhe o rosto. Deu-me um abraço e eu dei-lhe um beijo na testa, exatamente como ele faz sempre que me vê.
- Ainda tens que me explicar como foi alguém capaz de oferecer trabalho a uma desmiolada como tu – troçou ele, fazendo-me tanto a mim como a Zayn rir.
Dei-lhe apenas um sorriso como resposta e segui Zayn até ao seu Lamborghini.
- Onde vamos? – Perguntei, depois de ele ter posto o carro a trabalhar. Sorriu-me matreiramente.
- Alguma vez entraste numa cabina do London Eye?
Neguei, num aceno de cabeça.
- Fico contente por a tua primeira vez ser comigo – comentou, colocando a primeira e o carro começou a andar.
- Isso querias tu – murmurei, não muito baixo, provocando-o.
Zayn deu uma gargalhada que me aqueceu o coração e eu relaxei um pouco, empurrando para o lado todas as preocupações que me atormentavam. Fui observando as casas, as pessoas e as lojas que passavam por nós a uma velocidade que me dava tempo para reparar em alguns detalhes que me punham ora a arquear a sobrancelha, ora a soltar uma risadinha.
Ainda assim, não demorámos muito tempo. Zayn estacionara o carro perto do Green Park e fomos em direção do mesmo, com calma no andar. A neve já não era uma constante, dando lugar ao piso molhado e escorregadio. Caminhámos em silêncio, olhei para ele e esbocei um sorriso. Zayn baixou o olhar para a minha mão e pegou-ma, entrelaçando os dedos.
- Nunca pensei que a minha vida desse uma volta tão grande – murmurei, reparando num pequenino pássaro que picava a neve, não muito longe dali. Voou com o movimento dos nossos pés a marchar.
Ficámos de novo em silêncio e quase que conseguíamos ouvir o vento, quieto. Zayn apertava-me levemente a mão, de tempos a tempos.
- O meu pai… Vocês… e agora o cancro.
- Os resultados ainda não saíram, Bella – apressou-se Zayn a falar. – Quanto muito é um quisto ou um tumor.
Zayn provavelmente tentava convencer-se mais a si próprio do que a mim. Olhei para ele e pareceu-me tão preocupado, tão concentrado em algo… tão belo, como sempre, claro.
De repente, olhou para mim, ansioso. Fez-me parar, no meio do parque, e levantar mais a cabeça para o conseguir olhar convenientemente. Pousou uma mão no meu rosto, acariciando-me. Um arrepio penoso percorreu-me a espinha medula, fazendo-me tremer os olhos e ele sorriu enviesadamente.
Cobriu-me o pescoço com as suas mãos frias, criando-me pele de galinha em todo o corpo. Aproximou o rosto, semicerrou os olhos e beijou-me lentamente.
Gemi com o seu sabor e o seu toque. Pela primeira vez pareceu-me um gesto natural, um beijo que não era amaldiçoado ou proibido. Mas sim algo puro.
Calmamente, envolvi os braços na sua cintura e pus-me em bicos de pé. Apertei com vagar o corpo dele; Zayn pegou no capuz do meu casaco e levantou-o para cobrir a minha cabeça. Dei uma risadinha a meio do beijo e não precisei de abrir os olhos para saber que ele também sorria. Conseguia senti-lo.

quinta-feira, 7 de março de 2013

New Begginning - Capítulo 111


O almoço com aquelas cinco pessoas não podia ter corrido melhor – acrescento uma pitada de ironia sem o conseguir evitar. Talvez tenha sido o karma (ou então foi por mero acaso) a colocar-me frente a Louis na mesa das refeições; no entanto, não me safei de receber algumas indiretas em relação a Zayn. Mordi a língua tanta vez, por respeito a Anne, que já sentia o gosto de um travo de sangue na boca.
- A Bella é capaz de saber o que aconteceu para o Zayn ter terminado com a Perrie – comentou Louis, mal Gemma perguntara a Harry se era verdade que as Little Mix já não iam abrir os concertos deles na Tour de 2013, por causa disso mesmo.
Engasguei-me com uma batata frita e tossi algumas vezes. Harry ao meu lado deu uma risada pequena e eu amaldiçoei Louis, furiosamente.
Anne tinha fixado o meu rosto durante uns segundos e eu não percebi a intenção do seu olhar. Corei ligeiramente e Harry apressou-se a mudar de assunto, enquanto inadvertidamente olhei para Louis e este para mim.
- Ontem à noite andei a fazer as minhas pesquisas e encontrei uma sobremesa que os portugueses costumam fazer com alguma frequência – disse Anne, trazendo o arroz doce numa taça grande e decorado com pó de canela, no final do almoço.
- O que é? – Perguntou Gemma, curiosa.
Anne olhou para mim e expressou um sorriso.
- É arroz doce – respondi. – Provem.
Ao tentar chegar ao centro da mesa para conseguir pegar na colher e servir no meu prato um pouco do doce, encostei o peito à mesa e gemi baixinho de dor. A minha reação imediata teria sido afastar-me e não o fazer de novo, mas não podia dar a entender que me doía o peito. Por enquanto, não.
Rangi os dentes e afastei-me, pegando numa colher e comendo lentamente a porção de arroz doce do meu prato.
- Estás a gostar de Londres, Bella? – Perguntou Robin e eu olhei para ele.
- Não é tão mau quanto eu pensava que seria – confessei com um sorriso fechado.
- Sentes falta de Portugal?
- Só do clima.
A certa altura verifiquei as horas no ecrã do meu telemóvel e trinquei o lábio ao descobrir que passava da uma da tarde. Oh, e Zayn já me tinha ligado duas vezes. Chamei Harry à parte.
- Achas que a tua mãe se irá importar se eu for embora já? O Zayn já me ligou – expliquei, trincando o lábio novamente.
- Não há problema, Bella, a sério – sorriu-me, passando a mão pelo cabelo.
Despedi-me de Gemma, Robin e Anne, agradecendo mil vezes pelo almoço.
- Para a próxima são vocês a irem a minha casa provar alguns pratos portugueses – disse com uma risadinha. – A minha mãe vai adorar.
Anne assentiu, prometendo que assim o faria. Olhei para Louis, que me esperava no corredor. Fui ter com ele, depois de pedir a Harry que esperasse um pouco por mim, lá fora.
- Não te esqueças que amanhã é a minha vez – falou Louis em voz baixa.
- Não sou um prémio partilhado por uma equipa de futebol – resmunguei entre dentes. – E amanhã não posso estar contigo. Desculpa.
- Estás a tentar evitar-me? – Perguntou, e pareceu-me notar uma certa dificuldade nele em falar.
- Não inventes, Louis… simplesmente não posso. Arranjei emprego…
Ele suspirou e olhou para o teto, fazendo uma careta. Meteu as mãos nos bolsos das calças, baixou o rosto e olhou para mim, em silêncio.
- Tenho que ir – sussurrei.
- Está bem – murmurou.
Continuei quieta, não percebendo por que motivo continuava no mesmo lugar.
Põe-te a mexer, Bella!
A minha consciência dava-me ordens para meter o rabinho entre as pernas e sair pela porta fora, ir ter com Zayn. Algo me impedia de o fazer e eu não entendia o quê, nem por que razão.
- Diverte-te – disse Louis.
De alguma maneira, podia jurar que via nos seus olhos a súplica para que eu não fosse.
- Irei – respondi, num pequeno e quase inexistente sorriso.
Bem lá no fundo, sentia-me gritar por todas as coisas que já aconteceram com Louis… e Zayn.
Afastei-me, em direção à porta principal da casa de Harry; depois de a abrir, fechei-a atrás de mim, com o coração apertado.
Eu amava Zayn. Disso não tinha dúvidas. Porém, Louis mexia comigo de uma maneira desconcertante. Havia alturas que sentia ter a certeza de que o amava tanto quanto a Zayn. E havia outras que tudo o que sentia era pena de Louis sofrer por isto tudo. Tinha sido pouco tempo para conseguir reter tudo o que acontecera com aqueles rapazes, então às vezes pensava nas coisas não com tanta a seriedade que eu desejava, mas apenas com alguma importância irrelevante.
Questionava-me a mim própria, sem que ninguém soubesse, se tinha sido eu a causa do término da relação de Louis e Eleanor. Que idiota, é óbvio que tinha sido eu.
- Estás bem? – Perguntou Harry.
Colocou um dedo no meu queixo, obrigando-me a olhar para ele. Passei o olhar pelos seus caracóis e depois pelos seus olhos ansiosos.
- Sim, Harry… Já estive melhor, mas não é nada que alguém consiga suportar.
Pisquei algumas vezes os olhos e afastei-me dele.
Às vezes ainda ouvia o som de alguns pássaros a passar perto de nós, e um ou outro autocarro que passava pela paragem do outro lado da estrada. Olhei para trás, para a porta principal da casa de Harry, certificando-me que estava realmente fechada.
Tinha que lhe contar, ele tinha o direito de saber o risco que eu corria, agora que tinha um caroço no peito.
- Harry – chamei-o, sentindo a garganta seca.