segunda-feira, 11 de novembro de 2013

New Begginning - Capítulo 119



- Eu levo a Bella à radioterapia, não se preocupe Laura. – disse Harry para a minha mãe.
O tempo passou a uma velocidade descomunal, quando dei por mim a contar os minutos. Zayn voltava hoje da sua visita aos primos e aos tios de parte de Tricia, algures em Inglaterra. Ter apenas Harry e Liam a ajudar-me nos tratamentos tornou-se uma situação de egoísmo, a meu ver. É claro que sempre que eu vinha com a conversa de que odiava que eles gastassem energia, tempo e dinheiro comigo, Harry dava-me um tapa leve no queixo e resmungava. Tinham prometido a Zayn que tomavam conta de mim, mesmo sabendo que a minha mãe era a pessoa mais indicada para isso.
Nos últimos três meses a minha vida mudara drasticamente. Algum tempo depois da tarde com Violeta, a menina cega, e Margarida, a sua irmã, ia regularmente a consultas no hospital St Thomas, para que Peter (o médico) determinasse com mais certezas a gravidade da minha doença. Óbvio que era muito grave. Já me tinha mentalizado disso há algum tempo atrás. E arranjar maneira de contar à minha mãe e a Sam foi das coisas mais difíceis de planear.
Ainda me lembro de respirar fundo durante uns segundos, sentir o olhar pesado da minha mãe sobre mim e o semblante de Sam ao meu lado, aguardando. Para minutos mais tarde o terror se instalar na nossa casa e o futuro brilhante que me aguardava tornar-se apenas numa memória perdida. Todos os sonhos que sempre tive, toda a força e dinâmica que tinham vindo lentamente a brotar de mim, espezinhados pela maldição do meu pai. O rosto de Laura, afável e preocupado, rapidamente perdera todo o calor; e não aguentei fingir mais que não tinha medo.
Suspirei, recordando o dia mais triste da minha vida. O meu lábio tremia enquanto sustinha a respiração e ouvia Harry conduzir com facilidade. Liam não me largara a mão desde que tinha entrado no carro e, sinceramente, sentia-me mais segura. Sempre que Zayn se ausentava, era Liam que tomava conta de mim, responsabilizando-se com tudo o que um pai tem de ter em conta.
- Como te sentes hoje, Ferrera? – Perguntou Harry, abrandando a velocidade.
- Cansada, como sempre – resfoleguei.
O Dr. Peter preferiu que começasse por fazer radioterapia durante alguns meses, para saber como reagia o meu corpo aos tratamentos de radiação. Não estava impune aos efeitos secundários, mas preferia guardar para mim mesma os vómitos e as náuseas, bem como os hematomas que levava de Sam nas brincadeiras. E, definitivamente, não planeava contar a Zayn acerca do sangramento de nariz que tinha vindo a ser vítima nos últimos dias.
- Mais alguns efeitos secundários? – Questionou Liam, quase como se me lesse os pensamentos.
Cruzei os dedos, a mão livre escondida debaixo das minhas pernas.
- Felizmente, não.
Caminhámos até ao gabinete do Dr. Peter e, pelo caminho, fui cumprimentando as enfermeiras que já me conheciam como Bella Rosita – culpa de Niall. Antes de planear umas férias românticas com Marie, o loiro fizera questão de conversar com metade da equipa médica da Oncologia, certificando-se que eu seria a utente mais reconhecida daquela ala.
Nunca falhava um dia de tratamento. Nem mesmo quando me sentia à beira de adormecer na cama e só acordar dias depois. Lá no fundo desejava que aquele pesadelo acabasse o mais depressa possível, e, ingénua, acreditava que quanto mais os tratamentos avançassem, mais depressa eu podia viver normalmente. Porém, a minha consciência traía-me durante o caminho que percorria pelos corredores do hospital. À minha memória voltava sempre o primeiro dia de tratamentos com radioterapia.