domingo, 19 de abril de 2015

Queridas leitoras e leitores,

Antes de mais nada, obrigada por tudo. Obrigada por terem ficado e por me acompanharem nestes três anos. Adoro-vos imenso.
Tive tantos percalços, tantos obstáculos e tantos motivos para deixar de escrever. Mas não o fiz, pela Bella e por vós. A história avançou mais do que aquilo que eu imaginava. E vou dar-lhe um fim. Porém, não é agora.
Decidi reescrever a história e publicar em http://beforethecountdown.blogspot.pt/ em português; e no Wattpad (quem não souber o que é, eu posso esclarecer ou pesquisem no Google), em inglês. a minha conta é @debbiewade
Os motivos são simples. Apenas sinto-me responsável por dar uma história mais coerente e complexa à Bella (que é uma parte de mim, como vocês sabem). Volto a dizer, obrigada por tudo e continuarei cá. Não vou eliminar este blogue, tem demasiada história. Venham revisitar-me, aqui, sempre que quiserem matar saudades de alguns capítulos.
Amo-vos!
Yours, Débbie




domingo, 5 de abril de 2015

New Begginning - Capítulo 149


- Tens frio? – Ele perguntou.
Neguei.
- Estou bem, obrigada.
Sentia os seus dedos a acariciar-me a pele, no pescoço. Estávamos sentados no sofá, em casa dele e dos pais. Esperávamos o regresso do seu pai a casa, depois do trabalho. Eram quase sete horas da noite e a sua irmã mais velha tinha levado as pequenas a passear. O assunto que queríamos falar era delicado e não era necessário que uma conversa séria fosse partilhada com elas. Trisha trouxera-nos chá e biscoitos de chocolate para descansar a fome.
- Como tens estado, Bella? Há muito tempo que não te vejo.
Trisha sorriu e eu senti-me mais descansada. Eram poucas as vezes que nos víamos. Se tivesse tirado a carta mais cedo, se calhar teria os visitado com frequência. Queria uma relação próxima com os pais de Zayn e também com as suas irmãs. Porém, devido ao cancro e à gravidez... indesejada, tornava-se difícil fazer metade das coisas que gostaria.
- Estou bem, obrigada Trisha.
- O tratamento está a correr bem?
Confirmei com um sorriso.
Zayn mantinha-se calado durante a conversa informal que a sua mãe parecia insistir em ter. Trish talvez estivesse a tentar manter-me mais confortável, ela por compreender o meu lado de mulher. Ou a tentar criar um ambiente seguro, livre de silêncios que pudessem haver. Ou, talvez, estivesse apenas a agir como a mãe do meu namorado.
Felizmente o pai de Zayn chegou a casa. Cumprimentou-me com um sorriso sincero.
- Como tens estado Bella? Os tratamentos estão a correr bem?
Duvidei que alguma vez alguém fosse perguntar-me como estava a minha vida sem que tivesse de referir a minha condição médica e a minha saúde. Era desgastante, mas eu nunca iria confessar isso.
- Vou só pousar as malas e trocar de roupa, venho já.
Deu um beijo na testa de Trisha e subiu as escadas.
O silêncio, que eu tanto queria evitar, instalou-se. Evitei possíveis olhares com a mãe de Zayn e foquei-me então na mesa da sala e nos biscoitos. Agarrei na caneca de chá e a minha mão tremeu.
- Eu ajudo-te – Zayn falou pela primeira vez.
- Não, deixa estar. Eu faço isso.
Apertei a caneca com mais força mas o meu braço não deixou. Escorregou entre os meus dedos mas não caiu graças a Zayn. Os suores tomaram conta de mim.
- Peço desculpa – falei debilmente.
- Não tem mal, querida – disse a mãe dele.
Yaser juntou-se a nós no momento em que recusei a Zayn a caneca de chá.
- Não vale a pena – murmurei para ele.
Limitei-me a ficar quieta e de braços pousados.
- Senhor Yaser, eu queria...
- Por favor, Bella, trata-me apenas por Yaser – interrompeu-me com um sorriso.
- Yaser – corrigi-me. – Queria falar convosco sobre a gravidez.
Trinquei a língua, não sabendo se devia ter sido tão direta.
- Chegaram a uma decisão, os dois?
- Sim. Zayn queria que eu falasse primeiro com a minha mãe, mas eu já sei que ela me apoia. Por isso, decidi que fossem os primeiros a saber.
Porque é que eu tinha a sensação que isto era uma questão de vida ou de morte? Mantém-te calma Bella.
- Obrigada pela consideração, é muito gentil da tua parte – disse Trisha.
Sentia-me como um peixe fora de água. Tinha mudado tanto a minha maneira de ser em tão curto espaço de tempo. Sentia um frenesim na pele, uma dormência desconfortável. Apenas, e apenas, não podia deixar que isso me tirasse a coragem.
- Eu e o Zayn decidimos que o melhor – clareei a voz – quer dizer, eu decidi mais que ele, mas apenas porque comecei a nutrir um grande valor à minha vida que irei abortar.
Respirei fundo. Respirei fundo duas e três vezes. Nenhum dos quatro falou e eu esperei que Yaser não me olhasse friamente ou Trisha com tristeza nos olhos.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

New begginning - Capítulo 148


Abracei-a com todas as forças possíveis. Nunca fomos melhores amigas e raramente tínhamos conversas normais que uma mãe e uma filha têm. Ela sabia que eu nunca lhe tinha dado o devido valor, mas estava arrependida disso. Ao longo de todos estes anos as demonstrações de carinho eram raras, tanto da minha parte como dela. Provavelmente por causa do meu pai.
Soluçava, incansável.
- Zayn, arranja qualquer coisa para ela comer – a voz da minha mãe era suave.
Observei-o a mover-se pela cozinha, preparando uma sanduíche e enchendo um copo com leite. Sentou-se do outro lado da mesa, depois de colocar o prato e o copo à minha frente.
- Acalma-te um pouco, Isabela, tens de comer.
A minha mãe depositou um beijo na minha testa e eu virei-me. Comi o pão com calma, agarrada à sua cintura enquanto olhava para ele. Os seus olhos sombrios nunca tinham largado os meus e eu não gostava da maneira como ele estava pensativo. Nunca era bom sinal. Percebi que se recriminava pelo que estava a acontecer.
Quando acabei de beber o leite, a minha mãe forçou-me a largá-la e a olhar para ela.
- Vai tudo correr bem – assegurou-me. – Qualquer que seja a tua decisão, vou apoiar-te.
A realidade abateu-se de novo sobre mim e eu chorei, mais uma vez. Zayn levantou-se de repente e aproximou-se de mim.
- Eu entendo que esteja a ser difícil para ti e custa-me muito ver-te neste estado, filha, mas a decisão é tua e dele, não minha. Acredito que és capaz de fazer a decisão correta, seja ela assumires a gravidez ou abdicares disso.
Não conseguia entender as palavras dela. Supostamente não é assim que as mães devem reagir a isto, não quando a sua fiha adolescente está grávida. O meu choque era evidente. Ela suspirou.
- Podes não acreditar – continuou – mas tens maturidade suficiente para saber o que fazer. Não te esqueças que a ideia de vir para Inglaterra foi tua, pelo teu irmão. Eu apenas vim para não ficar longe de vocês. Sinceramente, se tivesses vindo só tu, conseguias muito bem viver sozinha.
Esboçou um sorriso.
Tinha a cabeça a fervilhar de preocupação. Sam aproximou-se de mim e passou-me à mão um dos seus dinossauros. Não evitei sorrir.
- Queres brincar? – Perguntei.
Ele acenou que sim. Agarrou-me pelo braço e puxou-me para o seu nível de estatura. Fiquei de joelhos.
Limpou as lágrimas dos meus olhos com as suas mãos pequeninas e depositou um beijo no meu rosto. Olhou para mim por um momento e sorriu.
- Obrigada meu amor.
Ele sorriu mais, mostrando os dentinhos que ainda se estavam a formar. Levantei-me com cuidado e acompanhei-o até à sala. Sentámo-nos no chão, só os dois, e em silêncio. Quando dei por ela, já passavam das oito da noite.

Poucos dias tinham passado.
As palavras da minha mãe tinham ficado retidas no meu pensamento. Apesar de ter dedicado todo o meu tempo a Sam, a minha mente era um remoínho de preocupações. Zayn passava a maior parte do tempo com a família, mas apenas porque eu insistira. Nos últimos tempos raramente passava algum tempo de qualidade com as suas irmãs.
- Precisas falar com os teus pais – aconselhei.
- Eu sei – suspirou.
Tinha-me levado ao Hyde Park, nessa tarde. Safaa veio conosco e divertia-se a alimentar os patos do lago. Eu estava encostada ao peito de Zayn, no seu colo.
- Mesmo que sejas maior de idade, precisas do apoio deles.
- Mas a nossa decisão já está tomada, Bells. – Resmungou.
Trinquei o lábio.
- Eu sei, mas eles continuam a ser os teus pais.
Levantei a cabeça para o olhar. A expressão do seu rosto era de teimosia e eu dei-lhe uma palmada na mão.
- Por favor, fala com eles. Por mim.
Aproximei-me do seu rosto e beijei-o.
As nossas mãos frias friccionavam-se à procura do calor que nos corria nas veias. O vento estava benevolente e não atiçava o frio que já se tinha instalado no ar.
- Zayn... – sussurrei.
Ele suspirou, sem paciência.
- Está bem. Eu falo com eles.
Encostei de novo a minha cabeça no seu peito.
- Obrigada - respondi, com um sorriso nos meus lábios e os olhos postos em Safaa.