terça-feira, 10 de junho de 2014

New Begginning - Capítulo 131


Estava farta de passar dias e semanas fechada em casa ou a sair apenas para as consultas no hospital ou para a casa de algum dos rapazes. Não me queixo das sessões de cinema em casa de Niall ou de assistir aos treinos de Louis.
Por falar nisso, a minha relação com Louis estava – finalmente – bem. Eu precisava dele. Sempre, desde que os conhecera, que tinha precisado. Tanto ou mais quanto dos outros rapazes. Não aguentava continuar sem lhe falar, não aguentava a nossa situação mal resolvida. Ele gostava de mim, sem qualquer dúvidas. E eu gostava dele. Mas Eleanor sempre tinha sido a rapariga que lhe conquistara o coração. Provavelmente o que sentia por mim era apenas algo como paixão. Sinceramente, eu não sabia. Como podia eu saber?
Somos jovens, eu realmente não sabia grande coisa sobre o assunto, mas penso que seja normal coisas destas acontecerem. De qualquer das maneiras, estávamos melhor que nunca. Eu adorava-o e ficava sempre contente quando ele me vinha visitar a meio da noite sempre que Zayn não estava comigo. Trazia chá quente, da pequena loja de Thomas Twining, que arranjava sempre maneira de lhe abrir as portas a meio da noite. Louis era o Louis.
Ficávamos na sala, sentados no chão ou enrolados numa manta, a falar de futebol, dos concertos que eles davam, das fãs e de todos os países que eles tinham visitado.
- Um dia levo-te a conhecer os Estados Unidos – prometera.
- Espero um dia também conheceres Portugal. É um país bonito.
- Tenho a certeza que sim.
Porém, havia alturas em que eu tinha a sensação que o ambiente entre nós, nessas noites, tornava-se por alguns momentos um pouco estranho. Eu sentia que ele queria mais do que podia ter. Não concordava, mas tinha paciência para a cabecinha tola dele e sabia que me respeitava e a minha relação com Zayn.
- Sabias que ainda ninguém sabe da tua existência? – Falara-me ele uma vez.
- Então porquê?
- Nunca vais a lado nenhum com Zayn ou conosco, como queres que saibam que és a nossa protegida?
Nessa noite, uns dias antes da minha cirurgia, ele tinha trazido o seu portátil para eu ficar ocorrente das notícias da aclamada banda One Direction. A minha guerra com as redes sociais mantinha-se de pé, mas estava a safar-me bastante bem com o Twitter.
- Talvez um dia eu resolva dar-me a conhecer às vossas Directioners. Achas que as Zayn Girls vão gostar de mim? – Perguntei, verdadeiramente receosa.
- As que realmente o amam – disse ele – tenho a certeza que sim.
Dera-me a mão, tentando confortar-me.
Eles sabiam que eu não prestava a mínima atenção aos media, à imprensa ou à Modest!. E definitivamente que não estava interessada no dinheiro deles ou na fama. Não me fazia comichão, como eu costumo dizer. Por isso nunca tinha assistido a nenhum concerto deles. Sentia-me um pouco mal com isso, até porque cada vez mais crescia uma curiosidade tresloucada dentro de mim para vê-los cantar em palco. As famílias da banda deviam estar orgulhosas. Eu não duvidava disso.
- Sabem que mais? – Falava eu – uma semana depois da minha cirurgia – em casa de Niall. – Apetece-me dar uma volta no London Eye. Nunca lá fui e já passam meses desde que cheguei a Londres.
Marie tinha preparado chá de camomila para mim e Gemma. Sentou-se no colo de Niall e reparei que os braços dele lentamente se envolviam na cintura dela. Sorri perante aquele gesto.
- Podemos ir todos – sugeriu Liam.
- Por favor – supliquei. – Quero voltar a ter uma vida o mais normal possível. E isso significa passear com os meus amigos.
Josh Devine brincava com uma bola de basquetebol, fazendo passes básicos com Harry. Dan (o baixista da banda) simplesmente ouvia música, concentrado.
Faltavam alguns minutos para as onze horas e eu estava entusiasmada, não queria perder tempo.
- Vamos embora! – Disse, dando pequenos pulos enquanto esperava à porta de casa de Niall.
Zayn riu-se de mim. Revirei-lhe os olhos e dei o braço a Harry que me ajudou a percorrer o caminho até à saída do jardim. Zayn passou a correr por nós, segundos depois de me beliscar o traseiro. Olhei para ele chocada; piscou-me o olho.
- Não à minha frente, Zayn – choramingou Harry.
Quando já estávamos todos cá fora, tremendo ligeiramente com o vento fresco da primavera, Louis e Liam discutiam sobre qual deles conduziria. Eu abanei a cabeça negativamente.
- Nem pensar. Eu não vou de carro até ao centro. Quero ir de autocarro, há imenso tempo que não uso as urbanas. Alguém vem comigo?
Gemma negou logo, mas eu sabia que ela preferia ser discreta sempre que saía. Todos eles preferiam ir de carro, até porque seria muito mais rápido.
- Não te preocupes, Bella! Eu vou contigo de autocarro, em Mullingar adorava ir para todo o lado nas viagens aborrecidas dos transportes públicos – disse Niall com um grande sorriso.
Eu e Marie rimo-nos. Então ficou assim; apenas eu e Niall íamos de autocarro. Ia ser divertido, nunca tinha estado muitas vezes apenas com Niall e este era mais um pretexto para saber como era a sua interação com as fãs, caso encontrássemos alguma pelo caminho.
- Pinto-te o cabelo de verde enquanto dormes se lhe acontecer alguma coisa – avisou Zayn, semicerrando os olhos.
Dei-lhe uma palmada na mão e ele deu-me um beijo na bochecha.
Niall e eu fomos alegremente para a paragem de autocarros ao virar da esquina da sua rua. Tivemos a sorte de esperar apenas cinco minutos pelo autocarro. O bilhete era caro e suspirei ao saber que as poupanças da minha carteira se iam facilmente neste dia. Mas tentei não pensar muito no assunto.

New Begginning - Capítulo 130


Zayn gritou o meu nome e percebi que vinha atrás de mim. Não olhei para trás e nem sequer ousei em parar por um segundo. Eu estava prestes a vomitar e só queria deixar de barrar essa vontade que quase me deixava sem ar.
Assim que abri a tampa da sanita não fui capaz de controlar a vergonha que se passou a seguir. Apetecia-me gritar com ele, enervava-me ter de me ver naquela posição e a agarrar-me o cabelo como se fosse algo que me fazia todos os dias. O pior é que, mal acabava de vomitar, já sentia de novo algo a ser puxado para fora.
- Toma, pega na toalha – mandou Zayn e eu peguei na toalha sem dizer nada.
O meu hálito sabia terrivelmente mal, o que me causava mais náuseas, mas já tinha vomitado tudo o que tinha a vomitar.
- Afasta-te de mim – pedi.
Puxei o autoclismo e lavei o rosto, sentindo o suor a percorrer-me a testa. Não sabia porque raios tinha estado a vomitar.
- Estás melhor?
- Sim, deve ter sido algo que comi ontem ao jantar – esclareci. – É só molhar o rosto e desço já.
A minha mãe estava à entrada da casa de banho, com Sam na sua perna. Eu não ouvi nada do que ela dissera, mas provavelmente teria a ver com o facto de ter de tomar algo para os enjoos. Talvez fosse uma boa ideia. Agora só estava preocupada com o almoço, se isto se voltasse a repetir seria a maior vergonha da minha vida. Pelo menos não seria com a família de Zayn, isso seria ainda mais catastrófico.
Por volta do meio-dia Harry tocava à campainha e Zayn acompanhou-me até à porta, cumprimentando Gemma e Anne com um abraço e um sorriso. Eu continuava um pouco fraca e não escondia esse facto; Anne mostrara-se tão galinha quanto a minha mãe o tentava ser. Robin não tinha vindo, devido a razões de trabalho, penso eu.
Anne tinha-se juntado à minha mãe na cozinha, provavelmente para falarem do almoço. Eles tinham trazido uma sobremesa para o almoço, que tinha um aspeto divino. Nós ficámos na sala, à espera.
- Como estás, Bella? – Perguntou Harry, enchendo-me de abraços e beijinhos.
- Larga-me Harry, estás todo meloso – Resmunguei, meio a rir meio com ar sério. – Gemma, ajuda-me!
Ela ria-se e Zayn também. Estava com um ar preocupado, eu sabia, mesmo não parecendo.
- Oh c’mon! – Resmunguei de novo.
Harry estava a divertir-se, mas eu não. Estava cansada e enjoada. Aliás, bastante cansada. Comecei a fechar os olhos.
- Harry, larga-a – ouvi Zayn dizer. Abri os olhos e ele já não estava a sorrir.
Harry ajudou-me a sentar no sofá. Zayn embalou-me num abraço que me soube melhor que dormir. Eu podia descansar nos braços dele e aguentar o dia todo sem ir para a cama. Se eu dormisse, a sensação de o sentir não seria a mesma. Ainda que de uma maneira ou de outra fosse maravilhoso adormecer consciente que ele estaria ao meu lado.
- Desculpa Bella, esqueci-me que de repente tornaste-te uma boneca de porcelana – disse Harry.
Olhei para ele e dei uma risadinha.
- Eu sei, tonto. Não te preocupes, estou bem. Apenas cansada. É normal depois da cirurgia.
- Já passou quanto tempo? – Perguntou Gemma.
- Desde a cirurgia?
- Sim.
- Ohh, foi há pouco tempo. Passaram-se quantos dias? – Olhei para Zayn fugazmente. – Três dias?
Ele concordou com a cabeça. As mãos dele estavam quentes em comparação com as minhas. Mas sabia-me tão bem, sentia-me segura.
- O que acham de hoje almoçarmos na sala? – Anne entrou na sala, sorridente, com um grande tabuleiro, metendo-o à minha frente.
Bastaram apenas duas horas para me sentir melhor e com mais força; o almoço tinha sido ótimo, os enjoos depressa me tinham passado e até repetira duas vezes a sobremesa que Gemma tinha feito.
- Vocês são as melhores madrinhas e padrinho que já tive – confessei, enquanto passeávamos no campo por trás da minha casa.
A maior parte da tarde tinha sido tranquila, calma e sem grandes esforços. Eu sabia que não podia puxar muito por mim. Independentemente da vontade que eu tinha de ajudar a minha mãe a arrumar a casa ou brincar com Sam, não me atrevia a mexer muito os braços ou cansar-me demasiado. De qualquer das maneiras tirei uma hora para dormir uma pequena sesta.
- Tens estado tão fria, deixa-me aquecer-te – disse Zayn, formando um casulo à minha volta na minha cama.
- Esteja à vontade.