Estava farta de passar dias e semanas fechada em casa ou a sair
apenas para as consultas no hospital ou para a casa de algum dos rapazes. Não
me queixo das sessões de cinema em casa de Niall ou de assistir aos treinos de
Louis.
Por falar nisso, a minha relação com Louis estava – finalmente – bem.
Eu precisava dele. Sempre, desde que os conhecera, que tinha precisado. Tanto
ou mais quanto dos outros rapazes. Não aguentava continuar sem lhe falar, não
aguentava a nossa situação mal resolvida. Ele gostava de mim, sem qualquer
dúvidas. E eu gostava dele. Mas Eleanor sempre tinha sido a rapariga que lhe
conquistara o coração. Provavelmente o que sentia por mim era apenas algo como
paixão. Sinceramente, eu não sabia. Como podia eu saber?
Somos jovens, eu realmente não sabia grande coisa sobre o assunto,
mas penso que seja normal coisas destas acontecerem. De qualquer das maneiras,
estávamos melhor que nunca. Eu adorava-o e ficava sempre contente quando ele me
vinha visitar a meio da noite sempre que Zayn não estava comigo. Trazia chá
quente, da pequena loja de Thomas Twining, que arranjava sempre maneira de lhe
abrir as portas a meio da noite. Louis era o Louis.
Ficávamos na sala, sentados no chão ou enrolados numa manta, a falar
de futebol, dos concertos que eles davam, das fãs e de todos os países que eles
tinham visitado.
- Um dia levo-te a conhecer os Estados Unidos – prometera.
- Espero um dia também conheceres Portugal. É um país bonito.
- Tenho a certeza que sim.
Porém, havia alturas em que eu tinha a sensação que o ambiente entre
nós, nessas noites, tornava-se por alguns momentos um pouco estranho. Eu sentia
que ele queria mais do que podia ter. Não concordava, mas tinha paciência para
a cabecinha tola dele e sabia que me
respeitava e a minha relação com Zayn.
- Sabias que ainda ninguém sabe da tua existência? – Falara-me ele
uma vez.
- Então porquê?
- Nunca vais a lado nenhum com Zayn ou conosco, como queres que saibam
que és a nossa protegida?
Nessa noite, uns dias antes da minha cirurgia, ele tinha trazido o
seu portátil para eu ficar ocorrente das notícias da aclamada banda One
Direction. A minha guerra com as redes sociais mantinha-se de pé, mas estava a
safar-me bastante bem com o Twitter.
- Talvez um dia eu resolva dar-me a conhecer às vossas Directioners.
Achas que as Zayn Girls vão gostar de
mim? – Perguntei, verdadeiramente receosa.
- As que realmente o amam – disse ele – tenho a certeza que sim.
Dera-me a mão, tentando confortar-me.
Eles sabiam que eu não prestava a mínima atenção aos media, à imprensa ou à Modest!. E definitivamente
que não estava interessada no dinheiro deles ou na fama. Não me fazia comichão,
como eu costumo dizer. Por isso nunca tinha assistido a nenhum concerto deles. Sentia-me
um pouco mal com isso, até porque cada vez mais crescia uma curiosidade
tresloucada dentro de mim para vê-los cantar em palco. As famílias da banda
deviam estar orgulhosas. Eu não duvidava disso.
- Sabem que mais? – Falava eu – uma semana depois da minha cirurgia –
em casa de Niall. – Apetece-me dar uma
volta no London Eye. Nunca lá fui e já passam meses desde que cheguei a
Londres.
Marie tinha preparado chá de camomila para mim e Gemma. Sentou-se no
colo de Niall e reparei que os braços dele lentamente se envolviam na cintura
dela. Sorri perante aquele gesto.
- Podemos ir todos – sugeriu Liam.
- Por favor – supliquei. – Quero voltar a ter uma vida o mais normal
possível. E isso significa passear com os meus amigos.
Josh Devine brincava com uma bola de basquetebol, fazendo passes
básicos com Harry. Dan (o baixista da banda) simplesmente ouvia música,
concentrado.
Faltavam alguns minutos para as onze horas e eu estava entusiasmada,
não queria perder tempo.
- Vamos embora! – Disse, dando pequenos pulos enquanto esperava à
porta de casa de Niall.
Zayn riu-se de mim. Revirei-lhe os olhos e dei o braço a Harry que me
ajudou a percorrer o caminho até à saída do jardim. Zayn passou a correr por
nós, segundos depois de me beliscar o traseiro. Olhei para ele chocada;
piscou-me o olho.
- Não à minha frente, Zayn – choramingou Harry.
Quando já estávamos todos cá fora, tremendo ligeiramente com o vento
fresco da primavera, Louis e Liam discutiam sobre qual deles conduziria. Eu abanei
a cabeça negativamente.
- Nem pensar. Eu não vou de carro até ao centro. Quero ir de
autocarro, há imenso tempo que não uso as urbanas. Alguém vem comigo?
Gemma negou logo, mas eu sabia que ela preferia ser discreta sempre
que saía. Todos eles preferiam ir de carro, até porque seria muito mais rápido.
- Não te preocupes, Bella! Eu vou contigo de autocarro, em Mullingar
adorava ir para todo o lado nas viagens aborrecidas dos transportes públicos –
disse Niall com um grande sorriso.
Eu e Marie rimo-nos. Então ficou assim; apenas eu e Niall íamos de
autocarro. Ia ser divertido, nunca tinha estado muitas vezes apenas com Niall e
este era mais um pretexto para saber como era a sua interação com as fãs, caso
encontrássemos alguma pelo caminho.
- Pinto-te o cabelo de verde enquanto dormes se lhe acontecer alguma
coisa – avisou Zayn, semicerrando os olhos.
Dei-lhe uma palmada na mão e ele deu-me um beijo na bochecha.
Niall
e eu fomos alegremente para a paragem de autocarros ao virar da esquina da sua
rua. Tivemos a sorte de esperar apenas cinco minutos pelo autocarro. O bilhete
era caro e suspirei ao saber que as poupanças da minha carteira se iam
facilmente neste dia. Mas tentei não pensar muito no assunto.