quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

New begginning - Capítulo 148


Abracei-a com todas as forças possíveis. Nunca fomos melhores amigas e raramente tínhamos conversas normais que uma mãe e uma filha têm. Ela sabia que eu nunca lhe tinha dado o devido valor, mas estava arrependida disso. Ao longo de todos estes anos as demonstrações de carinho eram raras, tanto da minha parte como dela. Provavelmente por causa do meu pai.
Soluçava, incansável.
- Zayn, arranja qualquer coisa para ela comer – a voz da minha mãe era suave.
Observei-o a mover-se pela cozinha, preparando uma sanduíche e enchendo um copo com leite. Sentou-se do outro lado da mesa, depois de colocar o prato e o copo à minha frente.
- Acalma-te um pouco, Isabela, tens de comer.
A minha mãe depositou um beijo na minha testa e eu virei-me. Comi o pão com calma, agarrada à sua cintura enquanto olhava para ele. Os seus olhos sombrios nunca tinham largado os meus e eu não gostava da maneira como ele estava pensativo. Nunca era bom sinal. Percebi que se recriminava pelo que estava a acontecer.
Quando acabei de beber o leite, a minha mãe forçou-me a largá-la e a olhar para ela.
- Vai tudo correr bem – assegurou-me. – Qualquer que seja a tua decisão, vou apoiar-te.
A realidade abateu-se de novo sobre mim e eu chorei, mais uma vez. Zayn levantou-se de repente e aproximou-se de mim.
- Eu entendo que esteja a ser difícil para ti e custa-me muito ver-te neste estado, filha, mas a decisão é tua e dele, não minha. Acredito que és capaz de fazer a decisão correta, seja ela assumires a gravidez ou abdicares disso.
Não conseguia entender as palavras dela. Supostamente não é assim que as mães devem reagir a isto, não quando a sua fiha adolescente está grávida. O meu choque era evidente. Ela suspirou.
- Podes não acreditar – continuou – mas tens maturidade suficiente para saber o que fazer. Não te esqueças que a ideia de vir para Inglaterra foi tua, pelo teu irmão. Eu apenas vim para não ficar longe de vocês. Sinceramente, se tivesses vindo só tu, conseguias muito bem viver sozinha.
Esboçou um sorriso.
Tinha a cabeça a fervilhar de preocupação. Sam aproximou-se de mim e passou-me à mão um dos seus dinossauros. Não evitei sorrir.
- Queres brincar? – Perguntei.
Ele acenou que sim. Agarrou-me pelo braço e puxou-me para o seu nível de estatura. Fiquei de joelhos.
Limpou as lágrimas dos meus olhos com as suas mãos pequeninas e depositou um beijo no meu rosto. Olhou para mim por um momento e sorriu.
- Obrigada meu amor.
Ele sorriu mais, mostrando os dentinhos que ainda se estavam a formar. Levantei-me com cuidado e acompanhei-o até à sala. Sentámo-nos no chão, só os dois, e em silêncio. Quando dei por ela, já passavam das oito da noite.

Poucos dias tinham passado.
As palavras da minha mãe tinham ficado retidas no meu pensamento. Apesar de ter dedicado todo o meu tempo a Sam, a minha mente era um remoínho de preocupações. Zayn passava a maior parte do tempo com a família, mas apenas porque eu insistira. Nos últimos tempos raramente passava algum tempo de qualidade com as suas irmãs.
- Precisas falar com os teus pais – aconselhei.
- Eu sei – suspirou.
Tinha-me levado ao Hyde Park, nessa tarde. Safaa veio conosco e divertia-se a alimentar os patos do lago. Eu estava encostada ao peito de Zayn, no seu colo.
- Mesmo que sejas maior de idade, precisas do apoio deles.
- Mas a nossa decisão já está tomada, Bells. – Resmungou.
Trinquei o lábio.
- Eu sei, mas eles continuam a ser os teus pais.
Levantei a cabeça para o olhar. A expressão do seu rosto era de teimosia e eu dei-lhe uma palmada na mão.
- Por favor, fala com eles. Por mim.
Aproximei-me do seu rosto e beijei-o.
As nossas mãos frias friccionavam-se à procura do calor que nos corria nas veias. O vento estava benevolente e não atiçava o frio que já se tinha instalado no ar.
- Zayn... – sussurrei.
Ele suspirou, sem paciência.
- Está bem. Eu falo com eles.
Encostei de novo a minha cabeça no seu peito.
- Obrigada - respondi, com um sorriso nos meus lábios e os olhos postos em Safaa.