quarta-feira, 31 de outubro de 2012

New Begginning - Capítulo 37


Ele olhou para mim, esperando.
- Para quem vocês dedicam as músicas?
Olhou para baixo, rindo-se. Depois fitou-me com um sorriso a rasgar a cara.
- Nem sempre é sobre uma específica rapariga. – Fez uma pausa, olhando para o lume. Encolheu os ombros – Nós criamos música para o mundo, para as nossas fãs.
- Quem são os solteiros na banda? – Quis saber.
Ele riu e revirou os olhos.
- Estamos todos comprometidos.
- Ora aí está uma coisa que eu não sabia – dei uma risadinha.
Harry fez sinal para me aproximar dele. Assim o fiz e ele sussurrou:
- O Niall tem ciúmes da minha relação com o Louis.
A minha vontade era rir, mas consegui controlar. Alinhei no jogo.
- Mas ele não está junto com o Liam?
Ele abanou a cabeça, fechando os olhos durantes alguns segundos.
- O Niall está a trair o Liam com o Zayn. É muito triste.
Por momentos questionei-me se ele falava a verdade, já que me parecia muito sério. Depois vi o lábio inferior dele a tremer e percebi que estava apenas a gozar. Dei uma gargalhada sonora, tapando rapidamente a boca.
Harry olhou para o relógio de pulso e arregalou os olhos.
- Já são seis da manhã! – Passou a mão pela testa. – Parece que nem vale a pena dormir, Bella. Queres ir tomar o pequeno-almoço comigo?
Expus um sorriso de orelha a orelha.
- Seria uma honra, Harry.
Nos episódios que se seguiram, Harry esperou por mim na sala, enquanto eu tomava banho e me vestia. Neste terceiro dia em Londres, optei por usar umas leggings pretas e uma camisola de malha igualmente preta. Não me apeteceu usar qualquer bijutaria, então nem sequer toquei na caixinha onde guardava tudo o que fosse colares, anéis e pulseiras.
Suspirei em frente ao espelho da casa de banho, fitando o meu rosto hediondo. Lavei a cara repetidamente com água fria para despertar do ligeiro sono que me atacava. Agarrei no corretor de olheiras e depressa escondi as manchas arroxeadas que assombravam os meus olhos cinzentos.
Meros cinco minutos depois, o meu rosto parecia mais composto.
Eu não costumava usar base. Não precisava, até porque nunca tinha encontrado base para o meu tom de pele, cor de azeitona. Mirei-me durante alguns segundos, distinguindo os meus lábios gretados, agora cobertos com uma camada de batom cieiro que reconstituía a suavidade deles.
Pisquei os olhos umas quantas vezes e desci até à sala.
- Espera mais um pouco, não tenho dinheiro – expliquei.
Fui à mala da minha mãe, para tirar a carteira e encontrar duas notas de vinte libras e três de dez. Tirei uma de vinte e outra de dez.
- Hey, espera – pediu Harry. Olhei para ele. – O que é que estás a fazer?
- Relaxa, eu faço isto muitas vezes. E sim, a minha mãe sabe.
- Mas isso não está certo.
Suspirei.
- Eu aviso-a sempre que lhe tiro dinheiro. Deixo um bilhete a explicar para o que é.
Harry arqueou uma sobrancelha.
- Ela não tem medo que lhe tires mais do que o suposto?
Abri a boca em O, expressando uma cara de espanto.
- Por quem me tomas, Harry Styles?
Ele apontou para as minhas mãos com um olhar repreendedor.
- Então não levo dinheiro e não tomo o pequeno-almoço contigo. – Guardei o dinheiro.
Ele suspirou, fechando os olhos.
- Anda lá – disse-me.
- És muito honesto, tu – sussurrei.
Procurei uma folha e uma caneta. Tal como em Portugal, a minha mãe guardava um bloco de notas e algumas canetas na gaveta debaixo do lava-louças. Aquilo fez-me perceber que apesar de termos vindo para Londres, grande parte dos nossos costumes tinham permanecido iguais.
Mãe, fui tomar o pequeno-almoço com o Harry, o rapaz dos caracóis. Tirei vinte libras da tua carteira para o pequeno-almoço. Não sei quando volto.”, Arranquei a pequena folha e colei-a no frigorífico.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

New Begginning - Capítulo 36



- Achas? – Tentei disfarçar. – Mal o conheço.
Ele arrancou os auriculares.
- Au! – Pronunciei. – Isso doeu.
- Tu estavas a sorrir mal eu disse que era ele que estava a cantar.
- E então? Não quer dizer nada.
Ele abanou a cabeça, com um pequeno sorriso, como se acabasse de descobrir algo importante. Atrapalhou-se a falar.
- Eu reparei que coraste, Bella! Estavas a sorrir e a corar. E tentaste esconder o sorriso com a mão, mas eu vi! Eu vi!
- Chiu!
Tapei-lhe a boca, alarmada, não querendo que a minha mãe acordasse. Depois olhei para a lareira, retornando a olhar para ele.
- Ouve-me com atenção. – Pedi-lhe. – Nem penses em contar a alguém o que dizes. – Quando notei no seu sorriso perverso a aparecer, apressei-me a não fazê-lo pensar em coisas. – Não estou a admitir nada, Harry!
Afastei-me.
- Preciso de um cigarro – desabafei. – Já volto.
- A Bella gosta do Zayn – cantarolou ele em voz baixa, entre risos.
Revirei os olhos e rangi os dentes.
Cheguei ao meu quarto e procurei dentro da bolsa o maço de tabaco. O meu irmão remexeu-se, e por momentos pensei que ia acordar. Mas continuou ferrado como acontecia sempre.
- A tua mãe deixa-te fumar dentro de casa? – Perguntou Harry, à porta do meu quarto. Assustei-me com a voz dele, desequilibrando-me e caindo de cu no chão.
Harry riu-se baixinho e entrou na divisão.
- Gosto particularmente do teu sistema de arrumação – comentou.
Semicerrei os olhos.
- Acabei de me mudar, acho que é compreensível ter o quarto neste estado – sussurrei.
Levantei-me, massajando o traseiro.
- Acendo o cigarro aqui, ou vamos lá para baixo? – Perguntei.
Ele não respondeu, saindo do quarto, em silêncio. Segui-lhe o passo.
A noite passou, e durante duas horas não fizemos mais nada senão falar e comer biscoitos de chocolate caseiros. Harry falava-me das diversas aventuras que a banda tinha em imensos países por onde eles passavam.
- Vocês foram a tantos sítios – desabafei. – Deve ser extraordinário conhecer o mundo.
- Nós temos muita sorte por termos recebido esta oportunidade.
Dei uma pequena trinca no quinto biscoito à minha mercê.
- Quero ouvir mais músicas vossas. – Pedi.
Harry sorriu e retirou novamente o iPhone do bolso.
Levantei-me para ir buscar o sumo de laranja ao frigorífico, e passei pelo fogão. Olhei para o meu reflexo neste e soltei um silvo.
- Que se passa? – Perguntou Harry, virando-se para mim.
A minha expressão era de horrores. Fixei as olheiras que se cravaram debaixo dos meus olhos, pensando na quão assustadora eu parecia.
- Oh meu Deus, Harry, como é que não te assustaste comigo? – Murmurei, passando os dedos pelo rosto.
Eu tinha um ar doente; a cor do rosto passara de cor de azeitona para um tom mais pálido. Os lábios volumosos estavam gretados, como se o frio os tivesse quebrado. E os olhos estavam baços, secos.
Fechei os olhos, lamentando Harry ter-me visto assim.
- Sabes – comecei por dizer – a maquilhagem faz milagres.
Ele sorriu carinhosamente, não fazendo nenhuma alusão ao meu comentário. Tirei o sumo de dentro do frigorífico, buscando depois dois copos para os encher. Passei um a Harry e este logo deu um gole.
- Vá, vamos para a sala, para o quentinho, e até dá mais gosto ouvir a música.
Sorri-lhe, transportando o prato dos biscoitos e o meu copo para ao pé da lareira. Sentámo-nos de novo na alcatifa e ele passou-me um auricular.
- Chama-se Little Things. O segundo single do segundo álbum. Foi o Ed que escreveu e deu-nos a música.
- A sério? – Um sorriso de orelha a orelha apareceu-me no rosto. Os olhos dele brilharam.
Ele acenou com a cabeça, afirmando as palavras que dissera.
Your hand fits in mine, Like it’s made just for me, But bear this in mind, It was meant to be, And I’m joining up the dots, With the freckles on your cheeks, And it all makes sense to me.
-        Vai-me identificando as vozes, ainda não consigo reconhecê-las. – Pedi-lhe.
Harry fez um sorriso enviesado.
- A primeira parte pertence ao Zayn.
- Oh – intersectei.
I know you’ve never loved, The crinkles by your eyes, When you smile, You’ve never love, Your stomach or your thighs, The dimples in your back, At the bottom of your spine, But I’ll love them endlessly.
-    O Liam – sussurrou Harry.
A situação estava a ficar demasiado emocional para o meu gosto. Eu reconhecia a letra toda, cada palavra, cada verso, cada estrofe. Eles contavam uma prova de amor a alguém, especificamente uma rapariga, insegura quanto a si mesma. A partir da música, Ed Sheeran e os rapazes tinham conseguido fazer sorrir certamente imensas raparigas no mundo inteiro. Afinal, qual é a menina que se sente completamente segura de si mesma e do seu corpo? Certamente nenhuma, na minha opinião.
I won’t let these little things, Slip out of my mouth, But if I do, It’s you, Oh It’s you, They add up to, I’m in love with you, And all these little things.
Harry tossiu.
- O Zayn de novo.
Não consegui deixar de sorrir. A voz de Zayn era, sem exagero algum, a mais ternurenta que eu já ouvira.
You can’t go to bed, Without a cup of tea, And maybe that’s the reason, That you talk in your sleep, And all those conversation, Are the secrets that I keep, Though it makes no sense to me.
- Louis – murmurou Harry.
- A música está linda – admiti, trincando o lábio. – Diz-me Harry…

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

New Begginning - Capítulo 35



O silêncio instalou-se mais uma vez na sala, e eu observei o lume. A chama hipnotizava, enquanto me remoía em pensamentos.
Deverei contar-lhe?
Eu sabia que Harry era um dos melhores amigos de Louis, até porque era bastante óbvio, já que eles faziam parte da mesma banda. Porém, Louis confiar em Harry, não era o mesmo que eu confiar neste também. E o que acontecera tinha sido entre mim e Louis; ninguém tinha nada a ver com isso.
- Conheço-te há pouco tempo, mesmo que Louis confie em ti, não me cabe a mim contar o quer que seja. – Rematei.
Harry não se pronunciou, intensificando ainda mais a tensão sentida entre nós.
- Vocês beijaram-se, não foi?
Arregalei os olhos, virando-me subitamente para ele.
- Como…? – Tentei perguntar, mas ele interrompeu-me.
- Está mais que visto, Bella. Acho que a única pessoa que ainda não percebeu o interesse de Louis em ti, é a Eleanor. Podes não ter percebido ainda, mas eu e os rapazes somos uma família. Já nos conhecemos demasiado bem. Foi isso que aconteceu, não foi? – Perguntou, referindo-se ao beijo. Escondi a cara com as mãos.
- Eu não sei porque aconteceu, Harry.
Expliquei exatamente como tinha acontecido, e Harry assentia, atento às minhas palavras.
- É tudo muito estranho – finalizei.
- Porquê? – Perguntou.
Expirei o ar sonoramente.
- Desculpa, Harry, ouviste alguma coisa do que eu disse? Dois dias depois de me conhecerem, beijam-me por causa duma simples atração física e ainda me perguntas por que é estranho? – Falei num tom de voz relativamente alto. Olhei de relance para as escadas, pedindo silenciosamente para que não tivesse acordado a minha mãe. Depois sussurrei: - Ou isto é demasiado estúpida e irreverentemente uma partida, ou eu estou num sonho típico de uma adolescente.
Harry resfolegou.
- Lamento informar-te, Bella, mas é bastante real a tua situação.
Abanei a cabeça.
- Não devia. Parece um filme de segunda classe que passa apenas na televisão nacional.
Ele sorriu com ternura.
- Não te preocupes. Tenho a certeza que não é só a ti que uma coisa destas acontece. – Depois arqueou a sobrancelha. – Se bem que ainda não percebi uma coisa.
- O quê?
Ele aproximou-se.
- Em que aspeto afeta-te isto tudo?
Harry fez-me refletir durante um bocado. Eu já tinha pensado nisso, já tinha pensado como estava a afetar-me o beijo de Louis. Tinha medo de dizer a Harry a verdade. Não queria que ele se apercebesse que eu poderia estar a começar a gostar de Louis. Ainda para mais, quando a primeira pessoa em quem eu notei logo foi em Zayn. Mas isso era um segredo meu, espero.
- Vem-me à cabeça a imagem da Eleanor – expliquei. – Ela parece-me ser uma rapariga extraordinária e eu não queria destruir o que ela tem com o Louis.
Harry acenou afirmativamente com a cabeça, entendendo o que eu queria dizer.
Mudei de assunto.
- Ainda não ouvi nenhuma música da tua banda – sorri, dando-lhe um safanão no ombro. – Quando é que vou ter a sorte de vos ouvir cantar?
Ele também sorriu, olhando para mim. Reparei nas covinhas que se formavam debaixo dos seus olhos e achei aquilo extremamente querido.
- Tenho aqui algumas músicas nossas, no iPhone. Queres ouvir?
Acenei afirmativamente, entusiasmada.
- Oh espera! – Pedi. Levantei-me desajeitadamente e ele riu-se. Subi as escadas até ao quarto para procurar desalmadamente os auriculares. Quando voltei, com eles na mão, Harry procurava atentamente no seu telemóvel. – Aqui está. Assim não temos de nos preocupar se está demasiado alto ao ponto de acordar o meu irmão ou a minha mãe.
Ele sorriu mais uma vez. Peguei num auricular e Harry no outro.
- Esta música é o primeiro single do nosso segundo álbum. Espero que gostes.
Ao ouvir a música, percebi que era alegre e fazia uma pessoa ter vontade de começar a dançar. Bati o pé à medida do ritmo e expressei um sorriso de orelha a orelha.
- É incrível – sussurrei. – Quem está a cantar?
- Agora é o Zayn.
Não consegui disfarçar o sorriso que se formava no meu rosto. Ouvir Zayn, e perceber tudo o que ele dizia na letra da música, fazia-me imaginar que ele estava a cantar para mim, apesar de saber que com certeza inicialmente seria para Perrie.
Olhei de resvés para Harry e este formava um O com a boca.
- Tu gostas do Zayn – murmurou lentamente.
Fiquei estaticamente surpreendida com a facilidade como ele compreendia e entendia as coisas.

New Begginning - Capítulo 34



Olhei-me ao espelho e a maquilhagem estava toda borratada. Peguei num disco de algodão, coloquei uma gota de desmaquilhante sobre ele e comecei a retirar o blush e as sombras de olhos, juntamente com o rímel.
Depois despi-me para tomar um banho rápido de água fria e vesti o pijama. Quando voltei para o quarto, larguei as roupas no chão – como sempre – e deitei-me com cautela junto do meu irmão. Envolvi-o nos meus braços, fazendo concha e esperei até adormecer.
Quando já estava embriagada com o sono, sobressaltei-me com o som do telemóvel a vibrar. Abri os olhos, a custo, e fui a resmungar até à bolsa que estava em cima da cadeira. Vi tudo desfocado; pisquei durante algum tempo os olhos e li “Mensagem recebida de Mr. Sexy”. Se não fosse o facto de eu ainda me lembrar do que acontecera à porta de minha casa, com Louis, teria sorrido despropositadamente.
“Está tudo bem?”, dizia na mensagem.
Eu questionava-me frequentemente se podia confiar em Harry, visto que ainda só o conhecia há dois dias. De facto, tinha sido irreverente quando estive com eles na discoteca, mesmo ainda que eles continuassem como desconhecidos na minha vida e eu na deles.
“Sim, porquê?”, decidi responder.
Esperei, nervosa e a roer as unhas, pela resposta dele. Fixei a foto de Louis no ecrã do meu telemóvel e não tive coragem de a apagar.
Por um lado era completamente incompreensível as minhas ações. Porque, se eu não estava minimamente interessada nele ou não sentia nada, nem mesmo amizade por circunstâncias óbvias, qual era a razão para eu o ter deixado beijar-me e ainda não ter eliminado a fotografia dele do meu telemóvel?
Ou talvez estivesse errada.
E se eu sentisse alguma coisa? E o estivesse a negar a mim própria? Eu conhecia casos destes, via na televisão em diversos filmes quando uma pessoa era levada a fazer coisas que pensava não sentir. E eu podia estar a sentir qualquer coisa – mesmo que fosse uma pequena réstia de interesse – pelo Louis. De certo modo, havia de se me compreender. Louis era giro, um galã autêntico de olhos azuis como a linha do horizonte entre o mar e o céu num dia de temperaturas quentes e céu limpo.
O beijo tinha sido doce.
O telemóvel vibrou nas minhas mãos e apressei-me a abrir a mensagem.
“O Louis não regressou ao clube. Tive que ser eu a levar a Eleanor a casa.”, dizia a mensagem de Harry.
Comecei a ficar nervosa, a pensar se tinha acontecido alguma coisa.
“Mas está tudo bem com ele? Onde é que ele está?”
Tive que esperar mais ou menos cinco minutos até Harry me responder, já eu imaginava cenários de que algo tivesse acontecido a Louis. Quando recebi a seguinte mensagem, suspirei de alívio, mas depressa me alarmei de novo:
“Posso ir aí ter? Prefiro falar cara a cara.”
Refleti durante uns minutos.
“Está bem. Vou estar na porta à espera.”
Desliguei a luz do candeeiro e saí em bicos de pé do quarto, fechando a porta atrás de mim.
Não tive que esperar muito tempo. Pouco depois, Harry vinha no seu Audi R8, na madrugada fria de domingo. Saiu do carro, com o capuz a cobrir a sua cabeça, não na medida de se proteger do frio, mas de se esconder.
- Isso é frio, ou medo de te verem entrar na minha casa? – Perguntei em voz baixa.
Ele retirou o capuz, soltando os caracóis selvagens que ansiavam por liberdade. Olhou para mim e fletiu os ombros.
- Nunca se sabe quem está à espreita. Sou reconhecido mundialmente, inventam imensas coisas sobre mim.
Revirei os olhos.
- Eu posso ainda não conhecer Londres muito bem, mas aqui em Lambeth, especificando esta rua – olhei em volta – acho que não há muitas pessoas às – olhei para o relógio – duas da manhã a rondarem a zona. Ainda para mais paparazzi.
Entrámos para conforto da minha casa, e só depois percebi que a casa estava quente porque a minha mãe tinha feito lareira. Esta ainda estava acesa.
- Eles já estão a dormir, temos que fazer pouco barulho – referi, sussurrando.
Sentámo-nos à frente da lareira, em cima da carpete cor de sangue. Peguei num tronco da pilha de lenha que estava do lado direito da lareira e pousei-o em cima das cinzas e da ténue chama que ainda clareava com fraqueza o espaço. A certa altura o tronco começou a arder.
- Então o que te traz aqui? – Perguntei, mesmo tendo uma pequena noção do que ele queria falar.
Harry olhou para mim atentamente e esfregou as mãos uma na outra. Depois de um tempo em silêncio, ele falou.
- O Louis está bem. Ligou ao Liam a explicar que apenas precisava de ir para casa descansar. – Fez uma pausa dramática. – Mas eu sei que aconteceu alguma coisa.
Trinquei o lábio, nervosa e a deixar o olhar vaguear por todo o lado.
- Porque pensas que aconteceu alguma coisa? – Murmurei.
- Eu sei que aconteceu.

New Begginning - Capítulo 33



Entrámos no carro dele, um Porsche preto, lindo.
Durante o caminho nenhum de nós falou ou pronunciou qualquer palavra. O que me deixou refletir em relação a tudo o que estava a acontecer à minha volta. Porém, os meus pensamentos retomavam sempre para Zayn ou Louis.
Qualquer rapariga gostava de se sentir desejada. E eu não era exceção. Então dei conta de que eu não estava enganada. Louis podia ter namorada, mas os factos eram óbvios. Ele interessava-se por mim. Os olhares furtivos na loja de animais, no jantar e em minha casa. A sua recente queda de olhares para o meu peito, na discoteca…
Encolhi-me no banco, tapando o peito com o casaco.
A certo instante, os meus pensamentos mudaram.
Louis era giro. Louis estava interessado em mim. Louis parecia ser um rapaz impecável.
Trinquei o lábio.
Seria errado pensar em dois rapazes ao mesmo tempo? Como… como num triângulo amoroso, apesar de não estar envolvida com nenhum deles?
Ele abrandou o carro, estacionando-o em frente ao jardim de minha casa.
- Chegámos. – Disse ele, desligando o motor do carro e virando-se para mim. Fechei o casaco, puxando o zip até cá acima.
Coloquei todo o meu cabelo do lado direito, deixando o meu pescoço a descoberto, e reparei que ele me olhava atentamente.
- Ainda te caiem os olhos, Louis – sussurrei, mas o silêncio reinava, então a minha voz fez-se ouvir na perfeição.
Ele deu uma risada.
- Desculpa. É só que…
Louis deixou a frase em suspensão. Olhei para ele.
- Só que o quê? – Perguntei, inclinando o corpo na sua direção.
Ele também se aproximou, fixando os meus lábios. A distância tornou-se relativamente mínima.
- Tenho que ir – vociferei, afastando-me. Abri a porta do carro e avancei em passo rápido até à porta da minha casa. Atravessei o jardim, indo desnorteada pela calçada de pedra, quando ouvi a voz dele, ansiosa.
- Espera!
Parei. E respirei fundo.
Durante algum tempo fiquei a olhar para a porta de casa, questionando-me se devia ou não virar-me.
Oh, que se lixe.
Dei meia volta, e observei a sua figura. Louis estava com um ar nervoso, como se não soubesse muito bem o que fazer.
- O que queres, Louis? – Perguntei, mas depressa reformulei a pergunta. – O que queres… de mim?
Ele levantou o olhar e aproximou-se. Mas tudo parecia um filme; a sua expressão, o seu andar lento e até mesmo a maneira como agarrou no meu rosto para depois pousar os seus lábios nos meus.
Ou Louis era um fantástico beijador, ou os seus lábios assentavam perfeitamente nos meus. À medida que as nossas línguas dançavam uma com a outra, numa genial harmonia, senti o braço dele rodear-me a cintura, empurrando-me contra o seu corpo quente. A minha cabeça começou a andar à roda, não por sua culpa, mas porque eu sabia, bem lá no fundo, que era errado.
Afastei-me, a custo, dele.
- Isto é errado – murmurei. – Nunca devia ter acontecido.
Fugi para dentro de casa, deixando-o sozinho. A minha mãe estava na sala, a ler um livro qualquer. Virou-se para mim.
- Já chegaste? Tão cedo?
Rezei para que não notasse no meu transtorno.
- Deve ser uma da manhã, dá-te por agradecida eu não ter voltado às quatro, como acontecia em Portugal.
Antes que ela respondesse, subi as escadas a correr. Tropecei num dos degraus, batendo com o joelho num deles. Não liguei à dor e continuei a correr desajeitadamente até chegar ao meu quarto.
Ia começar a chorar a qualquer momento, mas travei esse impulso quando vi o meu irmão deitado na minha cama. Sabia que se começasse a chorar e ele me visse daquela maneira, iria chorar comigo. Então peguei no meu pijama que se encontrava no chão junto à esquina da cama, e saí do quarto para me fechar à chave na casa de banho.
As lágrimas simplesmente caíram. Eu sentia-me miserável. Como é que fui capaz de deixar Louis beijar-me daquela maneira? Não só está em causa o namoro dele com a Eleanor, como também a minha própria pessoa. Eu nunca fora assim, nunca deixara que coisas destas acontecessem comigo. O que estava a acontecer? Seria a mudança? Eu conheci aqueles rapazes há dois dias, que raio estava eu a fazer, permitindo uma aproximação tão grande da parte de Louis?
Não só dele, também de Zayn…
Mas isso era outra história, Zayn nunca trocaria a Perrie por mim.
- Oh deus, que estou eu a pensar? Perguntas estúpidas, perguntas estúpidas – murmurei, batendo com a mão na testa.
Estava a comportar-me como uma adolescente menstruada que só pensa em rapazes…
Limpei as lágrimas, tentando recompor-me.
- Isto há-de passar – voltei a murmurar.

sábado, 27 de outubro de 2012

New Begginning - Capítulo 32



Ele não reagiu durante um bom tempo, e só quando a música estava a tornar-se repetitiva, largou-me com lentidão.
O meu coração a certa altura começou a bombear depressa, como se Zayn criasse um efeito devastadoramente real em mim. Eu já não me estava a reconhecer. Aquilo nunca acontecia. Eu não deixava que ninguém me deixasse tão nervosa como ele começava a deixar-me a partir do momento em que estivemos juntos no campo atrás da minha casa. Era assim tão inacreditável o facto de eu estar realmente a começar a gostar deste rapaz?
Claro que era.
Observei-o enquanto continuava a pôr música, e pareceu-me estar bem concentrado de novo. Com relutância, aproximei-me. Depois olhei para o grupo dos rapazes, e pareceu-me que cada um olhava com atenção na minha direção. Consegui disfarçar que não tinha reparado, até porque as luzes que havia, eram poucas e o local estava escuro.
- É difícil? – Perguntei a Zayn, mas penso que não me tenha ouvido. Toquei-lhe.
Virou a cabeça para mim.
- É difícil? – Tornei a perguntar.
- O quê?
Apontei para o sistema de DJ. Ele sorriu.
- Queres tentar?
Abanei a cabeça, freneticamente.
- Acredita, é melhor não. Posso estragar qualquer coisa.
Mesmo assim, Zayn puxou-me para a frente da mesa de mistura, colocando-se atrás de mim. Pegou nas minhas mãos.
- Agora – disse, perto do meu ouvido. Conseguia sentir-lhe a respiração. – vamos tentar juntar esta música com esta. – Indicou no ecrã do computador.
- Como é que fazemos isso? – Perguntei, o meu coração a acelerar de novo. Tentei respirar calmamente, mas era impossível quando eu sentia o corpo dele junto ao meu.
- Assim – proferiu melosamente. Suspirei.
Enquanto as músicas se mixavam, e as mãos dele guiavam as minhas, reparei que Perrie estava a entrar no clube.
Num ápice, saí de onde estava para me colocar ao lado de Zayn.
- A Perrie está aqui – referi. Ele olhou para a porta do clube, para a ver a falar com alguns amigos. Tal como eu, Zayn afastou-se, olhando atentamente para a mesa de mistura.
Vi Niall aproximar-se de mim.
- Ajuda-me a descer – pedi-lhe.
Quando já estava a voltar para junto do pessoal, Perrie chegava com um grande sorriso.
- Olá meninos – cumprimentou.
Levantei a cerveja, saudando-a, como se nada tivesse acontecido.
- O Zayn? – Perguntou.
Eu não disse nada, apenas a olhei. Estava com uns calções de ganga curtíssimos e um top preto com a cruz branca invertida. Usava também o mesmo casaco de cabedal do dia anterior.
- Na mesa de mistura – respondeu Louis.
Acompanhei o passo dela, enquanto avançava até Zayn. Vi-a dar-lhe um beijo na bochecha, e ele virar-se para lhe dar outro nos lábios. Rangi os dentes.
- Cuidado, até deitas fumo pelas orelhas – alguém me murmurou aos ouvidos, demasiado perto inclusive.
Virei-me e era Louis.
Claro, só podia ser.
Suspirei e depois sorri.
- Passa-me a cerveja. Ou o que resta dela – Pedi.
Ele passou-ma e eu bebi o resto em menos de dez segundos.
- Acho que vou andando – acabei por declarar.
- Já? – Ele mostrou uma expressão triste.
- Sim, chamo um táxi e pronto. Também já se faz tarde.
Levantei-me e Louis seguiu-me o gesto. Depois meteu-se à minha frente.
- Não vás.
Olhei para ele, tentando perceber o que pretendia.
Louis também era belo. Aliás, eu acho que todos os rapazes da banda eram belos. Cada um era bonito à sua maneira, cada um era diferente e cada um exibia um charme inigualável. Louis tinha uns brilhantes e fervorosos olhos azuis que deixava qualquer rapariga rendida aos seus encantos.
- Tenho o meu irmão à minha espera – usei como desculpa. Provavelmente àquela hora o meu irmão já estava a dormir, na minha cama.
- Então eu levo-te.
Abanei a cabeça, negando.
- Nem pensar Louis. Eu chamo um táxi. Fica com o pessoal e a Eleanor. – Virei-me para todos. – Vou embora, fiquem bem.
Sorri e avancei até à porta do clube. Quando saí cá para fora, senti o vento frio bater-me no peito e um arrepio subiu-me a espinha. A noite estava silenciosa e era raro ver carros a passarem. Comecei por tirar o telemóvel da bolsa, quando ouvi alguém sair do clube.
Revirei os olhos quando me apercebi que era ele.
- Nem penses que me vais levar, Louis.
Ele pegou no meu telemóvel e guardou-o no bolso de trás das calças. Mostrei-lhe uma expressão furiosa.
- Agora, ou vens comigo para dentro, ou deixas-me levar-te. – Declarou, cruzando os braços ao peito.
Suspirei prolongadamente e acabei por ceder.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

New Begginning - Capítulo 31



Entrámos – com alguma relutância – e logo comecei a ouvir a música a bombear das colunas que circundavam todo o lugar. Não estava cheio, mas também ainda era relativamente cedo, ainda não passava da meia-noite. Zayn avançou até uma mesa com um grupo de amigos.
Era o resto da banda e algumas raparigas que lá se encontravam.
Louis estava de frente para mim, sentado num dos sofás e quando levantou a cabeça, até tive medo que lhe caísse os olhos. Estava a ser ainda mais descarado do que Zayn fora. Levantou-se com rapidez e chegou ao meu lado.
- Olá – cumprimentou-me com um sorriso envergonhado.
- Olá Louis.
Exibi um sorriso terno, tentando transmitir-lhe segurança.
- Vem – pediu.
Pousou a mão no fundo das minhas costas e empurrou-me ao de leve para que me juntasse ao grupo.
- Olha lá, Harry. – Chamou Louis. Harry estava sentado mesmo à minha frente, de costas. Virou-se e quando me viu, arregalou os olhos. Depois sorriu perversamente.
- Ora a ti é que eu não me importava nada de dar uma voltinha.
Dei uma gargalhada e Louis sentiu-se ofendido, pois chamou Harry à razão e deu-lhe um soco no braço.
- Deixa-me apresentar-te o pessoal. – Voltou Louis a falar. – Estes são os rapazes da banda que ainda não tinhas conhecido; Niall e Liam – apontou primeiro para um rapaz louro e, certamente, de olhos azuis e depois para um rapaz com o cabelo rapado que à primeira vista me parecia tímido. – As meninas são a Eleanor, a Olivia e a Penélope.
Eu acenei saudando todos com um sorriso tímido.
- A Eleanor é a tua namorada, não te esqueças – referiu a rapariga de cabelo escuro e ondulado. Ela era bonita, muito bela. Levantou-se e chegou ao pé de Louis, dando-lhe um beijo nos lábios.
Louis correspondeu, mas de maneira hesitante. Depois sorriu forçadamente.
Se calhar eu estava errada. Se calhar Louis não gostava de mim da maneira que eu pensava que gostava. Tinha encarado mal os sinais.
Sentei-me no sofá, junto de Harry que abriu os braços e pousou um deles à volta do meu pescoço. Olhei-o, semicerrando os olhos.
- O que pretendes, Mr. Sexy?
Ele encolheu os ombros.
- Queres beber alguma coisa? – Perguntou.
- Hum, há cerveja?
- Vou buscar – sorriu.
Levantou-se e foi em direção ao bar. Reparei que Louis olhava para mim; veio ter comigo e sentou-se onde Harry tinha estado há alguns segundos atrás.
- Não sabia que tinhas namorada – comentei, tentando que a minha voz se fizesse ouvir apesar da música estar alta.
Ele olhou para Eleanor e retornou a olhar para mim.
- E eu não sabia que tinhas ficado com ciúmes.
Arregalei os olhos e depois dei uma gargalhada.
- Rapaz, nada disso! Só não estava à espera.
Ele assentiu, continuando a olhar-me fixamente. Aquilo incomodou-me. Tentei disfarçar, brincando com o colar.
Algum tempo mais tarde, depois de muita conversa e de ter ficado a conhecer melhor Niall e Liam, reparei que Zayn não estava no nosso grupo. Louis continuava ao meu lado, mas Eleanor estava ao pé dele, talvez com medo de que eu pudesse roubar-lhe o namorado.
- Hey, o Zayn? – Perguntei depois de dar um gole na minha cerveja.
- Anda comigo – disse Niall, levantando-se. Pousei a cerveja na mesa.
Eu acompanhei-o até ao sítio de onde a música vinha mais alta. Zayn estava atrás da mesa do DJ, mexendo-se ao ritmo da música e concentrado no que estava a fazer. Niall sorriu-me e depois incitou-me a que eu fosse ter com Zayn.
- De certeza que posso ir? – Perguntei, apesar de a minha voz não se ter ouvido.
Niall mimicou a palavra “Vai” e empurrou-me.
Admito que aquilo me pareceu despropositado para o momento. Será que ninguém sabia que ele era comprometido e que eu não podia aproximar-me assim tanto dele? A tal Perrie ainda me matava por passar tanto tempo com o rapaz dela.
Se bem que não me importava.
Avancei, cautelosamente, até ficar de frente para ele. Olhou para mim durante dois segundos sem qualquer expressão no rosto. Depois inclinou-se para o lado e estendeu-me a mão. Eu sorri-lhe e peguei nela. Ele puxou-me sem qualquer dificuldade e no momento em que eu estava a subir para a plataforma da mesa de mistura, desequilibrei-me e fui contra ele.
- Calma – murmurou-me ao ouvido. – Estás bem?
Acenei afirmativamente, tentando não o olhar nos olhos. No entanto, não resisti.
Levantei o olhar, encontrando o dele, brilhante.
- Já me podes largar, Zayn.