domingo, 19 de abril de 2015

Queridas leitoras e leitores,

Antes de mais nada, obrigada por tudo. Obrigada por terem ficado e por me acompanharem nestes três anos. Adoro-vos imenso.
Tive tantos percalços, tantos obstáculos e tantos motivos para deixar de escrever. Mas não o fiz, pela Bella e por vós. A história avançou mais do que aquilo que eu imaginava. E vou dar-lhe um fim. Porém, não é agora.
Decidi reescrever a história e publicar em http://beforethecountdown.blogspot.pt/ em português; e no Wattpad (quem não souber o que é, eu posso esclarecer ou pesquisem no Google), em inglês. a minha conta é @debbiewade
Os motivos são simples. Apenas sinto-me responsável por dar uma história mais coerente e complexa à Bella (que é uma parte de mim, como vocês sabem). Volto a dizer, obrigada por tudo e continuarei cá. Não vou eliminar este blogue, tem demasiada história. Venham revisitar-me, aqui, sempre que quiserem matar saudades de alguns capítulos.
Amo-vos!
Yours, Débbie




domingo, 5 de abril de 2015

New Begginning - Capítulo 149


- Tens frio? – Ele perguntou.
Neguei.
- Estou bem, obrigada.
Sentia os seus dedos a acariciar-me a pele, no pescoço. Estávamos sentados no sofá, em casa dele e dos pais. Esperávamos o regresso do seu pai a casa, depois do trabalho. Eram quase sete horas da noite e a sua irmã mais velha tinha levado as pequenas a passear. O assunto que queríamos falar era delicado e não era necessário que uma conversa séria fosse partilhada com elas. Trisha trouxera-nos chá e biscoitos de chocolate para descansar a fome.
- Como tens estado, Bella? Há muito tempo que não te vejo.
Trisha sorriu e eu senti-me mais descansada. Eram poucas as vezes que nos víamos. Se tivesse tirado a carta mais cedo, se calhar teria os visitado com frequência. Queria uma relação próxima com os pais de Zayn e também com as suas irmãs. Porém, devido ao cancro e à gravidez... indesejada, tornava-se difícil fazer metade das coisas que gostaria.
- Estou bem, obrigada Trisha.
- O tratamento está a correr bem?
Confirmei com um sorriso.
Zayn mantinha-se calado durante a conversa informal que a sua mãe parecia insistir em ter. Trish talvez estivesse a tentar manter-me mais confortável, ela por compreender o meu lado de mulher. Ou a tentar criar um ambiente seguro, livre de silêncios que pudessem haver. Ou, talvez, estivesse apenas a agir como a mãe do meu namorado.
Felizmente o pai de Zayn chegou a casa. Cumprimentou-me com um sorriso sincero.
- Como tens estado Bella? Os tratamentos estão a correr bem?
Duvidei que alguma vez alguém fosse perguntar-me como estava a minha vida sem que tivesse de referir a minha condição médica e a minha saúde. Era desgastante, mas eu nunca iria confessar isso.
- Vou só pousar as malas e trocar de roupa, venho já.
Deu um beijo na testa de Trisha e subiu as escadas.
O silêncio, que eu tanto queria evitar, instalou-se. Evitei possíveis olhares com a mãe de Zayn e foquei-me então na mesa da sala e nos biscoitos. Agarrei na caneca de chá e a minha mão tremeu.
- Eu ajudo-te – Zayn falou pela primeira vez.
- Não, deixa estar. Eu faço isso.
Apertei a caneca com mais força mas o meu braço não deixou. Escorregou entre os meus dedos mas não caiu graças a Zayn. Os suores tomaram conta de mim.
- Peço desculpa – falei debilmente.
- Não tem mal, querida – disse a mãe dele.
Yaser juntou-se a nós no momento em que recusei a Zayn a caneca de chá.
- Não vale a pena – murmurei para ele.
Limitei-me a ficar quieta e de braços pousados.
- Senhor Yaser, eu queria...
- Por favor, Bella, trata-me apenas por Yaser – interrompeu-me com um sorriso.
- Yaser – corrigi-me. – Queria falar convosco sobre a gravidez.
Trinquei a língua, não sabendo se devia ter sido tão direta.
- Chegaram a uma decisão, os dois?
- Sim. Zayn queria que eu falasse primeiro com a minha mãe, mas eu já sei que ela me apoia. Por isso, decidi que fossem os primeiros a saber.
Porque é que eu tinha a sensação que isto era uma questão de vida ou de morte? Mantém-te calma Bella.
- Obrigada pela consideração, é muito gentil da tua parte – disse Trisha.
Sentia-me como um peixe fora de água. Tinha mudado tanto a minha maneira de ser em tão curto espaço de tempo. Sentia um frenesim na pele, uma dormência desconfortável. Apenas, e apenas, não podia deixar que isso me tirasse a coragem.
- Eu e o Zayn decidimos que o melhor – clareei a voz – quer dizer, eu decidi mais que ele, mas apenas porque comecei a nutrir um grande valor à minha vida que irei abortar.
Respirei fundo. Respirei fundo duas e três vezes. Nenhum dos quatro falou e eu esperei que Yaser não me olhasse friamente ou Trisha com tristeza nos olhos.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

New begginning - Capítulo 148


Abracei-a com todas as forças possíveis. Nunca fomos melhores amigas e raramente tínhamos conversas normais que uma mãe e uma filha têm. Ela sabia que eu nunca lhe tinha dado o devido valor, mas estava arrependida disso. Ao longo de todos estes anos as demonstrações de carinho eram raras, tanto da minha parte como dela. Provavelmente por causa do meu pai.
Soluçava, incansável.
- Zayn, arranja qualquer coisa para ela comer – a voz da minha mãe era suave.
Observei-o a mover-se pela cozinha, preparando uma sanduíche e enchendo um copo com leite. Sentou-se do outro lado da mesa, depois de colocar o prato e o copo à minha frente.
- Acalma-te um pouco, Isabela, tens de comer.
A minha mãe depositou um beijo na minha testa e eu virei-me. Comi o pão com calma, agarrada à sua cintura enquanto olhava para ele. Os seus olhos sombrios nunca tinham largado os meus e eu não gostava da maneira como ele estava pensativo. Nunca era bom sinal. Percebi que se recriminava pelo que estava a acontecer.
Quando acabei de beber o leite, a minha mãe forçou-me a largá-la e a olhar para ela.
- Vai tudo correr bem – assegurou-me. – Qualquer que seja a tua decisão, vou apoiar-te.
A realidade abateu-se de novo sobre mim e eu chorei, mais uma vez. Zayn levantou-se de repente e aproximou-se de mim.
- Eu entendo que esteja a ser difícil para ti e custa-me muito ver-te neste estado, filha, mas a decisão é tua e dele, não minha. Acredito que és capaz de fazer a decisão correta, seja ela assumires a gravidez ou abdicares disso.
Não conseguia entender as palavras dela. Supostamente não é assim que as mães devem reagir a isto, não quando a sua fiha adolescente está grávida. O meu choque era evidente. Ela suspirou.
- Podes não acreditar – continuou – mas tens maturidade suficiente para saber o que fazer. Não te esqueças que a ideia de vir para Inglaterra foi tua, pelo teu irmão. Eu apenas vim para não ficar longe de vocês. Sinceramente, se tivesses vindo só tu, conseguias muito bem viver sozinha.
Esboçou um sorriso.
Tinha a cabeça a fervilhar de preocupação. Sam aproximou-se de mim e passou-me à mão um dos seus dinossauros. Não evitei sorrir.
- Queres brincar? – Perguntei.
Ele acenou que sim. Agarrou-me pelo braço e puxou-me para o seu nível de estatura. Fiquei de joelhos.
Limpou as lágrimas dos meus olhos com as suas mãos pequeninas e depositou um beijo no meu rosto. Olhou para mim por um momento e sorriu.
- Obrigada meu amor.
Ele sorriu mais, mostrando os dentinhos que ainda se estavam a formar. Levantei-me com cuidado e acompanhei-o até à sala. Sentámo-nos no chão, só os dois, e em silêncio. Quando dei por ela, já passavam das oito da noite.

Poucos dias tinham passado.
As palavras da minha mãe tinham ficado retidas no meu pensamento. Apesar de ter dedicado todo o meu tempo a Sam, a minha mente era um remoínho de preocupações. Zayn passava a maior parte do tempo com a família, mas apenas porque eu insistira. Nos últimos tempos raramente passava algum tempo de qualidade com as suas irmãs.
- Precisas falar com os teus pais – aconselhei.
- Eu sei – suspirou.
Tinha-me levado ao Hyde Park, nessa tarde. Safaa veio conosco e divertia-se a alimentar os patos do lago. Eu estava encostada ao peito de Zayn, no seu colo.
- Mesmo que sejas maior de idade, precisas do apoio deles.
- Mas a nossa decisão já está tomada, Bells. – Resmungou.
Trinquei o lábio.
- Eu sei, mas eles continuam a ser os teus pais.
Levantei a cabeça para o olhar. A expressão do seu rosto era de teimosia e eu dei-lhe uma palmada na mão.
- Por favor, fala com eles. Por mim.
Aproximei-me do seu rosto e beijei-o.
As nossas mãos frias friccionavam-se à procura do calor que nos corria nas veias. O vento estava benevolente e não atiçava o frio que já se tinha instalado no ar.
- Zayn... – sussurrei.
Ele suspirou, sem paciência.
- Está bem. Eu falo com eles.
Encostei de novo a minha cabeça no seu peito.
- Obrigada - respondi, com um sorriso nos meus lábios e os olhos postos em Safaa.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

New Begginning - Capítulo 147



Acordei com Zayn a cantarolar. Remexi-me na cama com preguiça mas não abri os olhos. Continuava cansada e preferi não me mexer, deixando o meu estômago roncar.
- Continua a cantar, por favor – sussurrei quando deixei de ouvir a melodia.
Adormecia e acordava numa sequência sem sentido. A certa altura deixei de tentar dormir mais. Os seus dedos percorriam a minha pele e a sensação era assombrosa. Sentia o seu calor no meu rosto e abri os olhos para o ver.
Olhava para mim. Pisquei os olhos, tanto pela preguiça matinal como pela timidez de o ter tão próximo de mim. A sensação vivia sem fim desde os primeiros dias em que o meu amor por ele crescia rapidamente. Estava de boxers mas os meus olhos vibravam apenas para a tatuagem no seu peito e para as incontáveis que percorriam os seus braços. Levei a mão ao seu peito, imaginando o relevo das asas e dos lábio vermelhos. O seu peito elevava-se um pouco mais que o normal quando os meus dedos, com leveza, percorriam-lhe a pele.
Afaguei o seu rosto e dei-lhe um beijo rápido.
- Bom dia – murmurei.
Ele sorriu.
- Bom dia, Bells.
Entreolhámo-nos durante imenso tempo, o sol lentamente a iluminar mais o meu quarto.
Eu sabia que não podia adiar mais o assunto, mas aterrorizava-me a ideia de enfrentar a notícia de que estava grávida. Sentia-me a gritar por dentro. Nunca pensei que realmente pudesse acontecer algo assim, ainda para mais tão jovem. Conseguia agora colocar-me no lugar das raparigas da minha idade que engravidam acidentalmente – tal como me aconteceu – mas não conseguia imaginar como é quando se deparam com a realidade de que não têm ninguém em quem se apoiar.
Formou-se um nó na minha garganta. Aterrorizava-me a hipótese de Zayn me deixar depois de isto acontecer.
- O que se passa? – Perguntou.
Aninhei-me mais junto a ele, escondendo o rosto.
- Estou apenas cansada – menti.
Ele suspirou. Eu sabia que não acreditava em mim, mas não insistiu em querer saber o que realmente se passava. Eu apenas precisava de mais algum tempo para resolver todos os meus pensamentos. Ainda assim era tão aterrador. Sentia-me sozinha nisto, já que eu é que carregava um ser vivo dentro de mim.
Estava à espera de sentir aquele impacto maternal que as mulheres têm quando sabem que estão grávidas. De uma felicidade inesperada tomar conta do meu espírito. Ao invés disso, tinha sido o horror que se instalara em mim. Nos últimos três dias era como se algo me sufocasse, algo preso na minha garganta que me deixava sem fôlego.
Podia falar com a minha mãe, afinal era a pessoa certa para o que se passava. Tinha tanto medo de que me olhasse de maneira diferente agora que...
- Bells? – Zayn despertou-me dos meus pensamentos.
- Sim?
- Vamos tomar o pequeno-almoço. Já passa do meio-dia.
Sorri em resposta, mas precisava primeiro tomar um banho. Agarrei numa sweatshirt e numas calças de fato de treino, agradecendo a Zayn por ter ido buscar a minha roupa interior. Sorriu-me perversamente e rolei os olhos, fazendo-o rir. Tive alguma dificuldade sozinha, mas não voltaria a chamá-lo para me ajudar. Acabei apenas por passar a maior parte do corpo por água e, com dificuldade, a passar o shampô pelo cabelo.
Quando desci as escadas, vi Sam a brincar na sala. Virou o rosto na minha direção e gritou em felicidade. Não resisti sorrir também e recebê-lo nos meus braços. Quer dizer, deixá-lo abraçar-me as pernas.
- Ainda vou cair, Booboo, calma!
Enquanto me tentava equilibrar, percebi que Zayn me olhava, sentado na bancada da cozinha. Era desconcertante.
Caminhei para a cozinha, com Sam ao meu lado.
- Pára com isso, estás a pôr-me desconfortável – murmurei quando cheguei junto a ele.
Desviou os olhos enquanto bebia o resto do sumo de laranja.
- Desculpa.
A porta do quintal abriu-se e a minha mãe entrou na cozinha, com o nariz vermelho e a pingar. Olhou para nós e sorriu, justificando que tinha ido à mercearia comprar algumas coisas que faltavam. Fiquei confusa, falava descontraidamente como se estivesse tudo dentro da normalidade e nada de mal tivesse acontecido.
Zayn ajudava-a com as compras enquanto ela comentava comigo que a mercearia da nossa rua, em Lisboa, tinha muito mais leque de escolha na ala dos legumes. Revirei os olhos perante os comentários de fofoca.
- Mãe – chamei-a.
- ...sabes, acho que me estou a acostumar a isto.
- Mãe – repeti.
- ...As coisas são muito mais caras aqui, mas acho que já consigo perceber o que vale a pena comprar e o que não vale.
- Mãe.
- ...Além disso, no outro dia a nossa vizinha recomendou-me uma mercearia que vende produtos portugueses. Vou finalmente conseguir arranjar bacalhau.
- Mãe!
A cozinha ficou em silêncio quando eu gritei.
- És capaz de me ouvir, por favor? – Pedi.
Ela virou-se para mim, ainda com o saco de bolachas na mão. Olhei para Zayn durante um segundo e a minha mãe fez o mesmo.
- Diz, Isabela – pediu, na nossa língua.
Trinquei o lábio, nervosa, antes de falar.
- Porque estás a agir assim?
- Assim como?
- Não te faças de parva, por favor, mãe.
Inclinou-se para a frente, apoiando-se na mesa.
- Estou a tentar agir normalmente, como todos os dias. O que queres que eu faça? Que me feche no quarto o dia todo?
Ouch.
- Estás a querer dizer o quê com isso?
Ela suspirou e voltou a arrumar as compras.
- Não estou a dizer nada, Isabela. Eu simplesmente não posso parar tudo, tenho as contas para pagar, tenho de alimentar-te a ti e ao teu irmão.
- Estás a fingir que nada aconteceu, parece que nem te importas.
Senti-o a olhar para mim, mas não me virei na sua direção.
- É claro que me importo, Bella!
- Não parece!
Estávamos agora a discutir, em plenos pulmões. Eu só queria perceber como é que ela se mantinha tão calma, quando eu esperava ouvi-la gritar comigo e recriminar-me por tudo.
- Come qualquer coisa, entretanto faço o almoço – mandou.
- Podes parar por cinco minutos, por favor?! – Gritei.
A minha mãe bateu com a porta do armário com demasiada força. Tremi com o barulho. Sam correu para a sala e Zayn apenas se moveu para ficar atrás de mim, fazendo-me carícias no meu braço. De certa forma aquilo acalmava-me.
Ela sentou-se e eu fiz o mesmo.
- Não sei o que fazer – sussurrei.
Fixou-me durante uns momentos e eu roía as unhas, ansiosa. Talvez não me tenha ouvido.
- O que queres que eu faça, Isabela? – Perguntou-me.
Respirei fundo.
- Mãe, peço-te por tudo, ajuda-me. Tu, melhor que ninguém, sabes que eu nunca peço ajuda.
As minhas mãos tremiam, o meu peito pesava.
- Não quero estar sozinha nisto, mãe, por favor.
Caíam-me lágrimas. Não consegui encará-la nos olhos, então fixei os olhos na mesa. Apenas se ouvia a minha choradeira e eu deixei de sentir as mãos quentes de Zayn. Saltei com o susto quando alguém me abraçou e reconheci pelo perfume que era a minha mãe. Não consegui aguentar e soltei o peso que sentia no meu peito, chorando cada vez mais contra a camisola dela.
- Pronto – a sua voz era suave – aqui está. Chora tudo, meu amor.
Eu pensava que durante os dias que tinha ficado fechada no quarto, as lágrimas tinham secado e eu tinha chorado tudo. Mas estava enganada. Precisava da minha mãe mais do que nunca.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

New Begginning - Capítulo 146


O sotaque português era forte e tive algumas dificuldades em perceber certas palavras que dizia. No entanto, percebi claramente o que Laura quis dizer.
Cerrei os dentes. Era embaraçoso o que ela pensava de mim. Eu podia ser famoso, podia ter dinheiro suficiente para viver sem preocupações, podia claramente conseguir o que eu quisesse; mas não era capaz de assumir uma relação durante quase um ano e depois fugir. Não tinha sequer a coragem para fazer tal coisa.
Levantei-me e pedi para voltar ao quarto de Bella.
Tentei fazer o mínimo de barulho a abrir a porta do seu quarto.
- Schhh.
Virei-me na direção do som sibilante e vi Sam à porta do seu quarto, sonolento.
- Hey, garanhão – sussurrei, sorrindo.
Ele aproximou-se de mim e sorriu. Baixei-me um pouco, encostando a porta do quarto de Bella.
- O que fazes acordado? – Perguntei baixinho.
- Ouvi-te a subir as escadas. Como está a minha irmã?
Sam impressionava-me sempre que o via e falava com ele. Era uma criança imprevisível, mas livre de quaisquer más intenções.
- Está mais calma, não te preocupes. Está a dormir. E tu devias fazer o mesmo.
Ele suspirou, exausto.
- Vamos lá – murmurei. Peguei nele ao colo, levando-o para a cama.
Observei as paredes do seu quarto e o teto cheio de estrelas. Era impressionante e se não fosse a minha urgência em juntar-me a Bella, teria ficado a observar o céu estrelado.
- Boa noite, garanhão.
Bocejei preguiçosamente quando já me encontrava na escuridão do quarto de Bells. Despi as minhas calças e a sweat, juntando-me a ela. Continuava adormecida, mas inquietou-se quando sentiu o meu peso na cama. Encostei-me ao seu corpo débil e abracei-a por trás. O seu corpo estava frio e eu tremi com o choque.
- Zayn.
O meu coração apertou quando ouvi a sua voz.
- Sim, meu amor? – Respondi em português. Ou tentei.
Vi-a sorrir no escuro.
- Nothing.
Aproximei-me dela e dei-lhe um beijo no pescoço. Deixou-me enrolar os meus braços envolta do seu corpo débil e eu relaxei.
- Desculpa.
A sua voz era tão fraca que me foi difícil perceber o que ela dissera. Apertei-a um pouco mais, afagando o seu rosto. Ficámos em silêncio enquanto os minutos passavam e o sono pesava cada vez mais. Esforcei-me por ficar acordado, pelo menos até ela adormecer. Quando a sua respiração se tornou constante, fechei os olhos.

Este capítulo é pequeno para finalizar a parte narrada pelo Zayn. Ainda estou a ponderar se devo ou não escrever mais algumas partes da história segundo o ponto de vista dele. Habituei-me a escrever do ponto de vista feminino e, sinceramente, nunca pensei como seria do ponto de vista masculino. Mas consigo fazer um esforço e certamente colocarei certas passagens do resto da história (e voltar atrás "no tempo" para rever alguns momentos de Zella) do ponto de vista dele. Esta história tem imensas falhas, já que a escrevo há mais de dois anos. Evoluí bastante na minha escrita, mas passei meses sem vir aqui devido a problemas graves na minha vida. Vou acabar a história porque sei que tenho leitoras que gostaram imenso desta história e estou a tentar ao máximo não vos desiludir. Pensei em vários finais para esta história, mas adorava saber como é que vocês gostariam que acabasse. Agora com a Bella grávida queria saber o que vocês acham. Eu sei que é um pouco surreal, mas gosto de dramas e sou de extremos. Anyway, a quem esteja a ler, diga-me algo sobre como quer que a história continue, nem que seja por anónimo :) Adoro saber a vossa opinião e estou disposta a tentar interiorizar as vossas ideias na New Beggining. xx

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

New Begginning - Capítulo 145



Não sabia ao certo quanto tempo tinha passado desde que Bella adormecera. A mãe dela, eventualmente acabou por vir ter ao quarto, para se certificar que estava tudo bem.
- Tens fome? – Perguntou-me num sussurro, encostando-se na porta.
Neguei com um aceno de cabeça.
- Precisas de comida. – Insistiu.
Olhei para Bella; dormia serena, encostada ao meu peito. Fiz leves carícias no seu rosto enquanto me afastava. Saí da cama fazendo o menor ruído possível. Olhei de relance para a sua mãe e saí do quarto, fechando a porta.
Suspirei.
- Anda, Zayn – a mãe dela pegou-me na mão e guiou-me até à cozinha pequena.
Tirei o leite do frigorífico e agarrei num copo. Sentei-me à frente da mesa e percebi que me observava. Senti o meu rosto quente.
- Curioso – comentou antes de voltar a cortar o pão.
Foram muitas as noites que passava com Bella no seu quintal. Já sabia onde os pratos e os copos eram arrumados, onde a sua mãe escondia a chave suplente da porta principal – debaixo do vaso dos amores-perfeitos – e que acordava sempre entre as sete e as nove da manhã.
Bebi o leite com alguma relutância, recriminando-me.
- Queijo?
- Sim, por favor.
- Podes ir buscar um prato, por favor?
Reparei que não havia nenhum prato arrumado e deduzi que estavam empilhados no lava-louça. Depois de me voltar a sentar, Laura olhou para mim.
- Quantas vezes tens vindo cá?
Cerrei os dentes enquanto corria uma mão pelo cabelo. Apeteceu-me bater com a cabeça na parede; todas as vezes que aqui estivera com o consentimento de Laura, nunca tinha estado na cozinha, apenas na sala. Suspirei de novo, não sabendo o que responder.
- Desconfio que tenha sido algumas vezes – continuou a falar.
Colocou um prato à minha frente e eu observei a sanduíche que me preparara.
- Zayn – chamou-me à atenção. Eu olhei para ela, como um cachorrinho a ser repreendido – Quando é que não costumas vir cá?
Passei a mão de novo pelo cabelo, antes de responder. Não podia mentir. Do que me valia?
- Não costumo vir aos sábados, é quando normalmente faço serões com Sasha ou há algum evento onde tenha de estar. Também não venho às quartas e quintas.
Laura observava-me na calada. Isso fez-me recordar quando namorava com Perrie e costumava subir à janela do seu quarto. Normalmente era nos dias em que a sua mãe estava fora de casa; dava-nos toda a liberdade para fazer sexo sem sequer o perceber. Não só no quarto como na sala ou na cozinha. Às vezes durante o banho.
Suspirei, abanando a cabeça.
Agora que pensava nisso, a relação com Perrie resumia-se simplesmente a escapatórias durante a noite e vez ou outra aparições em público. Assumimos um relacionamento apenas para encher papéis e capas de revistas e magazines. Eu nunca fui parvo e aproveitei a situação para conseguir o que um rapaz da minha idade sempre quer. Claro que Perrie também se regalava com isso. Antes de conhecer Bella sentia-me bastante confiante, e egocêntrico até, por saber que conseguia qualquer rapariga.
Às vezes Perrie aborrecia-me. Ela era uma ótima rapariga, não digo o contrário. Mas se a decisão fosse dela, gritava aos quatro ventos que eu era dela. Nunca gostei disso.
- Zayn? – Laura chamou-me.
Pisquei os olhos.
- Desculpe. Estava a dizer?
Ela estudou-me o rosto e arqueou uma sobrancelha, suspirando.
- Estava a dizer que se não fosse a situação em que estamos, estavas a levar um sermão e proibido de cá vir durante duas semanas.
Não disse nada, baixando a cabeça. Teria ela insinuado que o erro fora meu?
- Come. – Mandou solenemente.
Não pensei duas vezes e peguei na sanduíche. O meu estômago roncava, ansioso. Laura continuava sentada à minha frente, mas nesta altura eu estava demasiado desconfortável para conseguir criar uma conversa decente. Limitei-me a acabar o snack de meia noite.
- Eu confesso que pensei que irias fugir da situação.
Olhei para a mãe de Bella. Era parecida com Bella, mas apenas no formato dos olhos e na linha T do rosto.
- O que quer dizer com isso? – Perguntei, claramente confuso.
- O que achas que quero dizer?
Esta era a primeira vez que tinha uma conversa com Laura sem que Bells ou Sam estivessem presentes. Era estranho e eu sentia um leve formigueiro na espinha.
- Não sei – admiti.
Ela revirou os olhos e levantou-se. Pegou no meu prato e no copo e lavou-os. Continuei à espera duma resposta, enquanto ela acabava de secar a louça, arrumando-a. Virou-se de frente para mim, encostada à bancada.
- Eu preocupo-me com a minha filha. Posso não ser a melhor mãe do mundo, mas eu amo-a com tudo o que tenho. É a minha filha e saber que está grávida de um dos rapazes mais famosos do mundo preocupa-me. E não é pouco. – Respirou fundo. – A Isabela tem dezoito anos, é apenas uma menina, mas por muito que eu prefira tomar decisões por ela – parou por um breve momento – sei que não o devo fazer.
A minha garganta estava seca. Eu sabia onde Laura queria chegar. Ia responder, mas não me deixou.
- Já tens idade suficiente para decidir o que fazer com a tua vida, Zayn. Não duvido dos tens sentimentos pela Isabela. Mas sei bem como é que estas situações acabam.

New Begginning - Capítulo 144

 
Zayn
Os meus olhos adaptaram-se à escuridão do seu quarto e eu consegui finalmente ver-lhe as feições do rosto. Ela estava esgotada. Conseguia perceber que o seu cabelo estava fraco e começava a cair, quando no meio da sua luta comigo várias madeixas de cabelo tinham caído no chão. As suas lágrimas tinham secado nas bochechas e eu conseguia ver a diferença do tom da pele. Os seus lábios estavam pálidos e gretados, as suas pálpebras tremiam enquanto ela dormia. E eu consegui ver sem dificuldade as olheiras que pesavam.
Quando os médicos me disseram que ela estava grávida, nada me passou pela cabeça durante dois segundos. Depois o choque abateu-se sobre mim. Senti-me completamente irresponsável e estúpido. Totalmente estúpido. O que ia acontecer com a banda? Isto ia arruinar por completo todo o nosso trabalho até aqui, todo o esforço que fizemos até chegar ao patamar onde estávamos. E tudo por causa da minha irresponsabilidade. Naquele momento odiei-me. Os rapazes nunca me perdoariam. E as fãs? Meu Deus, as fãs. Nem conseguia pensar nisso.
Liam foi o primeiro a saber. Ele era o mais calmo e racional do grupo em situações extremas. E eu estava a enlouquecer naquele hospital. Despachei a minha família para casa, inventando uma desculpa. Claro que Doniya não mordeu o isco. Ela sabia que algo se passava, mas felizmente não me pressionou.
O doutor Peter tinha-me dito que só poderia vê-la dentro de algumas horas. Provavelmente ao final do dia. Mas Bella, irreverente como sempre – e eu já devia ter desconfiado que quando ela recebesse a notícia que não iria aceitar tão bem quanto eu. E quando a vi a espreitar pelas portas da Oncologia, vi claramente o quanto ela estava assustada. Ela, pior que eu, não conseguiria lidar com a situação sozinha. Os rapazes iriam compreender. Eles tinham de compreender que eu não podia abandoná-la agora.
E depois fugiu do hospital. O meu coração disparou a mil quando a perdi de vista. Porque é que ela fugiu?! Tinha medo do quê? Que eu a deixasse? Ela conhecia-me melhor que isso.
Poucos minutos depois Elizabeth, a tia de Marie, avisara-nos que Bella estava com ela e sã. Mas não era o suficiente. Eu tinha de vê-la. Tinha de falar com ela. Queria certificar-me que ela estava bem. Niall foi buscá-la e foi preciso Harry e Louis prenderem-me em casa. Eu teria pegado no carro e, no estado em que estava, havia grandes probabilidades de provocar algum acidente. Por volta das onze, Niall regressou e deu notícias. Preferi falar com Marie, que me providenciou melhores informações do que Niall; claro.
- Lamento, Zayn. – disse ela, desanimada. – Tens de lhe dar tempo. Ela chama-te quando estiver preparada.
Não me conformei com aquilo.
Fiz o que Marie me aconselhou, esperei três dias sem a pressionar. Consumi cinco maços de tabaco nesses três dias, o triplo ou quadruplo do que eu consumo usualmente. Só contei aos meus pais no terceiro dia.
- Zayn, o que se passa? – Perguntou a minha mãe quando os chamei para a sala.
Ela estava preocupada e as rugas na sua testa evidenciavam-se mais quando unia as sobrancelhas. O meu pai continuou calado e eu sabia que até eu falar ele não iria dizer nada. Eles sentaram-se no sofá e eu sentei-me na cadeira em frente deles. Isto não seria fácil. Nada mesmo. No que estava eu a pensar? É claro que eles não iam aceitar de ânimo leve!
- Zayn? – A minha mãe chamou de novo.
Levantei o rosto para ela, encontrando os seus olhos brilhantes que tentavam decifrar o que eu queria dizer.
Não havia volta a dar. E eu tinha de assumir responsabilidades.
- Isto não é fácil de dizer e não pensem que eu não me recrimino. Sou o culpado no meio disto tudo.
A minha voz era solene e baixa. Olhei para ela e percebi que não percebia o que eu queria dizer. Suspirei.
- A Bella – tentei dizer. – A Bella...
As palavras não me saíam. Sempre que eu tentava dizer que ela estava grávida, parecia que algo me travava a voz. Agarrei no cabelo vezes sem conta, frustrado com a situação. Olhava para a minha mãe e para o meu pai, à procura das palavras que se perdiam na minha voz.
- Oh meu deus – ouvi a minha mãe.
Olhei para ela e vi o choque no seu rosto. Ela tinha deduzido.
- Oh meu deus – repetiu.
E repetiu.
E repetiu.
E repetiu.
A sua voz tornou-se esganiçada e eu atirei-me para trás na cadeira, as lágrimas a brotarem dos meus olhos.
Tudo o que a minha mãe fez foi levar as mãos ao rosto enquanto as palavras “Oh meu deus” e “Como é que isto aconteceu?” lhe jorravam da boca. Abanei a cabeça e limpei as lágrimas.
- Desculpa, mãe. Foi uma irresponsabilidade enorme. Eu nem sequer pensei e a culpa é inteiramente minha! A Bella não tem culpa, por favor, não a culpem.
Ela não precisava de levar com os olhos acusadores da minha família, isso iria destruí-la ainda mais.
- É claro que a Bella também tem culpa. Têm os dois por igual – o meu pai falou solenemente.
Eu olhei para ele, cerrando os dentes.
Esperei pelo repreendimento, mas não disseram mais nada. Durante momentos nenhum de nós disse algo, apenas se ouvia a minha mãe choramingar e os seus soluços. Depois o meu pai levantou-se e o meu corpo ficou hirto.
- És maior de idade. A decisão não é da tua mãe e muito menos minha. Lida tu com a situação.
Virou costas e preparou-se para sair.
- Bruce, por favor, vamos falar disto. Em família. – Pediu a minha mãe. Eu continuei quieto.
- Não há nada para falar, Trisha. Se ele é responsável para fazer sexo sem precaução, também é responsável para assumir um filho.
Pegou nas chaves de casa e abriu a porta. Olhou mais uma vez para trás, olhando-me friamente.
- Ou então ela aborta.
E saiu.
O meu pai não me voltara a falar desde aquela conversa.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

New Begginning - Capítulo 143


Quando acordei, não abri os olhos. As persianas estavam para baixo, o que mantinha o quarto escuro. Continuava sem saber que horas eram. Algum tempo depois, a porta do quarto abriu-se lentamente e eu não abri os olhos para descobrir quem era. Percebi pelo aroma que se tratava de comida e o meu estômago rapidamente deu sinal. Estava esfomeada.
Mantive-me imóvel até que saíssem do quarto e voltassem a fechar a porta. Abri os olhos e em cima da minha secretária estava uma bandeja com uma sopa, um copo de água, pão e um prato. Levantei-me silenciosamente e sentei-me na cadeira. A minha mãe tinha-me feito o que parecia ser o almoço e eu não perdi tempo a fazer cerimónias para comer. Não deixei nada no prato e até rapei a taça da sopa o máximo que consegui. Comi o pão todo e desejei ter mais água para beber, mas não era capaz de sair do quarto. Voltei para a cama e virei-me contra a parede.
Não conseguia voltar a adormecer. Demasiados pensamentos atormentavam-me. E ainda assim, não conseguia pensar nada em concreto. Tinha Zayn constantemente a atormentar-me a cabeça, claro. Desejei dormir de novo e tentei demasiadas vezes para o conseguir, mas estava demasiado desperta.
A porta do quarto acabou por voltar a abrir e eu mantive-me imóvel. Um freixo de luz entrava pelo quarto, o que me fez semicerrar os olhos, mesmo por baixo dos lençóis. Ouvi Sam à porta do quarto a perguntar à minha mãe se eu estava a dormir. Ela respondeu que sim antes de sair outra vez, com a bandeja. Pelo menos, a fingir estar adormecida funcionava. Revirei-me na cama algumas vezes, perdida no tempo.
Sabia-me bem estar sozinha. Pelo menos por agora. Dava-me tempo para pensar.
Tinham passado alguns dias provavelmente, não sabia bem. Eventualmente eu acabei por dormir durante imenso tempo. Apenas acordava para comer e durante a noite para ir à casa de banho. Duas vezes não aguentei e tive de sair do quarto durante o dia para usar o banheiro. Olhei uma vez para o espelho e eu estava uma completa desgraça. O meu cabelo estava oleoso e com uma coloração feia, mais escuro que o normal. E começava a cair devido ao cancro. A dor era insuportável, saber que a cada dia que passasse eu tornar-me-ia cada vez mais horrorosa. Os meus olhos estavam baços e sem vida, a minha pele também oleosa e pálida. As olheiras habituais tinham-se aprofundado e eu estava irreconhecível.
Exato. A imagem de Isabela Ferreira tinha deixado de existir. Eu não era ninguém.

Gritos no andar de baixo acordaram-me. Enterrei a cabeça na almofada para voltar a adormecer, mas alguém voltou a gritar.
- Isto não pode continuar, eu quero vê-la!
- Dá-lhe mais uns dias, por favor.
- Já lhe dei uma semana, acho que é mais que suficiente.
A voz masculina gritava mais que a feminina.
- Tens que compreender! Ela não está bem, Zayn!
O meu coração disparou ao ouvir o nome dele.
O quê?! Ele estava aqui?! Não, não, não. Eu não o quero ver, manda-o daqui para fora! Expulsa-o de casa!
- E eu?! – Ele falou. – Eu também não estou bem e quero vê-la! Ela precisa de mim.
Ele continuava a gritar.
- Zayn pára! – disse a minha mãe.
Ouvi alguns passos a aproximarem-se e eu não estava nada preparada para que a porta se abrisse. A luz do dia entrou no quarto e eu ceguei, literalmente. Gritei com a dor nos olhos, puxando a almofada contra a minha cara.
- Bella!
Zayn chamou por mim e eu continuei a gritar.
- Sai daqui! – Disse entre os gritos. – SAI DAQUI! – Gritei mais.
- Não!
Remexi-me na cama, puxando os lençóis para me esconder dele. Debati-me tanto que bati com a cabeça na parede e a dor aguda fez-me ficar zonza. Perdi as forças nos braços por breves instantes, o suficiente para que ele pudesse aproximar-se de mim. Gritei de novo, tentando pontapear-lhe o corpo para que se afastasse. Ele debateu-se também, tentando prender-me o corpo, mas eu fugia sempre.
- Sai daqui, Zayn, sai daqui! – A minha voz saía que nem um guincho e eu já conseguia sentir as lágrimas formarem-se nos meus olhos.
Ele não respondeu.
Continuei a gritar, tentando esconder a minha cara à medida que o tentava afastar. Mas eu não tinha a força que ele tinha e ele conseguiu prender-me nos seus braços. O meu corpo latejava tanto de dor como de cansaço e eu chorei ruidosamente contra o seu peito. Gritei ao máximo, sabendo que a minha mãe estava à porta. Bati em Zayn, bati até que as minhas forças se esgotassem. Baixei os braços sobre o seu corpo quente que me sustinha no colo dele. Continuei a gritar e a chorar compulsivamente.
Não conseguia parar de o fazer. Durante a tal semana que Zayn me tinha dado, eu tinha dormido metade do dia e a outra metade a ouvir os sons do andar debaixo e o vento lá fora contra a janela. Não sabia nada do que se passava no mundo, não sabia nada do que tinha acontecido com os rapazes e definitivamente que sabia ainda menos do pouco que eu sabia sobre o seu trabalho de músicos. Não sabia como é que a minha mãe tinha aguentado uma semana sem tentar falar comigo ou como Sam aguentou sem vir a choramingar para a minha porta. Não sabia como é que Zayn tinha sido capaz de me deixar sozinha naquela situação toda.
Chorei durante horas. Eu sabia que tinha passado muito tempo porque as minhas pernas e as minhas costas já me doíam da posição em que eu estava. Os sons que saíam da minha boca eram animalescos mas borrifei-me para o que ele pensasse sobre isso. Seria bem pior ele ver a minha figura. Zayn estava tenso. Remexeu-se na cama e eu aproveitei para tentar soltar-me dele. Os seus braços voltaram a tornar-se hirtos.
- Schhhh, schhhh – ouvi-o.
Rosnei e gemi enquanto me remexia no seu colo.
- Vamos deitar na cama, Bells. – falou pela primeira vez. O seu murmúrio bastou para que o meu coração me doesse ainda mais.
Solucei sobre as minhas lágrimas e tornei-me mole, deixando que me deitasse na cama. Virou-me contra a parede e eu deixei-me estar quieta. Não ia debater mais, era inútil. As suas botas bateram no chão quando se descalçou e senti o peso do seu corpo sobre a cama. Encostou-se a mim e eu pude respirar o seu perfume. O meu peito doeu de novo. As suas mãos procuraram as minhas, mas eu mantive-as presas e escondidas dele. Acabou por desistir; porém, torturou-me com leves carinhos que me fazia no braço. Tremi algumas vezes quando os seus dedos roçavam-me a pele.
De novo, ao fim de algum tempo, as lágrimas secaram e eu já quase me deixava adormecer. Estava tão cansada. O meu braço esquerdo já estava com formigueiros e eu mudei de posição para o outro lado. Senti algo quente à minha frente mas a sensação era tão boa que me deixei estar. Aliás, encostei-me mais para a frente, repousando a cabeça num tecido suave que exalava calor. Percebi que era ele que ainda ali estava, mas não tinha forças para protestar mais. Tinha desistido de o fazer. As minhas pernas encontraram as dele e acabei por adormecer.