Antes de mais nada, obrigada por tudo. Obrigada por terem ficado e por me acompanharem nestes três anos. Adoro-vos imenso.
Tive tantos percalços, tantos obstáculos e tantos motivos para deixar de escrever. Mas não o fiz, pela Bella e por vós. A história avançou mais do que aquilo que eu imaginava. E vou dar-lhe um fim. Porém, não é agora.
Decidi reescrever a história e publicar em http://beforethecountdown.blogspot.pt/ em português; e no Wattpad (quem não souber o que é, eu posso esclarecer ou pesquisem no Google), em inglês. a minha conta é @debbiewade
Os motivos são simples. Apenas sinto-me responsável por dar uma história mais coerente e complexa à Bella (que é uma parte de mim, como vocês sabem). Volto a dizer, obrigada por tudo e continuarei cá. Não vou eliminar este blogue, tem demasiada história. Venham revisitar-me, aqui, sempre que quiserem matar saudades de alguns capítulos.
Amo-vos!
Yours, Débbie
Débbie's wonderland
FANFIC EDITADA EM http://beforethecountdown.blogspot.pt/ , URL OFICIAL DA «NEW BEGGINING» Olá, eu sou a débbie e tenho 20 anos. Já dizia a minha mãe que muito antes de eu saber ler lhe lia histórias para adormecer. Com doze anos criei uma história nas Ilhas Canárias. Aos meus dezassete, comecei esta fanfic e amo-a do fundo do meu coração. Espero que gostem e obrigada por retirarem alguns minutos da vossa vida para ler um dos maiores orgulhos da minha vida. @zanybubbles
domingo, 19 de abril de 2015
domingo, 5 de abril de 2015
New Begginning - Capítulo 149
- Tens frio? – Ele perguntou.
Neguei.
- Estou bem, obrigada.
Sentia os seus dedos a acariciar-me a pele, no pescoço. Estávamos
sentados no sofá, em casa dele e dos pais. Esperávamos o regresso do seu pai a
casa, depois do trabalho. Eram quase sete horas da noite e a sua irmã mais
velha tinha levado as pequenas a passear. O assunto que queríamos falar era
delicado e não era necessário que uma conversa séria fosse partilhada com elas.
Trisha trouxera-nos chá e biscoitos de chocolate para descansar a fome.
- Como tens estado, Bella? Há muito tempo que não te vejo.
Trisha sorriu e eu senti-me mais descansada. Eram poucas as vezes que
nos víamos. Se tivesse tirado a carta mais cedo, se calhar teria os visitado
com frequência. Queria uma relação próxima com os pais de Zayn e também com as
suas irmãs. Porém, devido ao cancro e à gravidez... indesejada, tornava-se
difícil fazer metade das coisas que gostaria.
- Estou bem, obrigada Trisha.
- O tratamento está a correr bem?
Confirmei com um sorriso.
Zayn mantinha-se calado durante a conversa informal que a sua mãe
parecia insistir em ter. Trish talvez estivesse a tentar manter-me mais
confortável, ela por compreender o meu lado de mulher. Ou a tentar criar um
ambiente seguro, livre de silêncios que pudessem haver. Ou, talvez, estivesse
apenas a agir como a mãe do meu namorado.
Felizmente o pai de Zayn chegou a casa. Cumprimentou-me com um
sorriso sincero.
- Como tens estado Bella? Os tratamentos estão a correr bem?
Duvidei que alguma vez alguém fosse perguntar-me como estava a minha
vida sem que tivesse de referir a minha condição médica e a minha saúde. Era desgastante,
mas eu nunca iria confessar isso.
- Vou só pousar as malas e trocar de roupa, venho já.
Deu um beijo na testa de Trisha e subiu as escadas.
O silêncio, que eu tanto queria evitar, instalou-se. Evitei possíveis
olhares com a mãe de Zayn e foquei-me então na mesa da sala e nos biscoitos. Agarrei
na caneca de chá e a minha mão tremeu.
- Eu ajudo-te – Zayn falou pela primeira vez.
- Não, deixa estar. Eu faço isso.
Apertei a caneca com mais força mas o meu braço não deixou. Escorregou
entre os meus dedos mas não caiu graças a Zayn. Os suores tomaram conta de mim.
- Peço desculpa – falei debilmente.
- Não tem mal, querida – disse a mãe dele.
Yaser juntou-se a nós no momento em que recusei a Zayn a caneca de
chá.
- Não vale a pena – murmurei para ele.
Limitei-me a ficar quieta e de braços pousados.
- Senhor Yaser, eu queria...
- Por favor, Bella, trata-me apenas por Yaser – interrompeu-me com um
sorriso.
- Yaser – corrigi-me. – Queria falar convosco sobre a gravidez.
Trinquei a língua, não sabendo se devia ter sido tão direta.
- Chegaram a uma decisão, os dois?
- Sim. Zayn queria que eu falasse primeiro com a minha mãe, mas eu já
sei que ela me apoia. Por isso, decidi que fossem os primeiros a saber.
Porque é que eu tinha a sensação que isto era uma questão de vida ou
de morte? Mantém-te calma Bella.
- Obrigada pela consideração, é muito gentil da tua parte – disse Trisha.
Sentia-me como um peixe fora de água. Tinha mudado tanto a minha
maneira de ser em tão curto espaço de tempo. Sentia um frenesim na pele, uma
dormência desconfortável. Apenas, e apenas,
não podia deixar que isso me tirasse a coragem.
- Eu e o Zayn decidimos que o melhor – clareei a voz – quer dizer, eu
decidi mais que ele, mas apenas porque comecei a nutrir um grande valor à minha
vida que irei abortar.
Respirei fundo. Respirei fundo duas e três vezes. Nenhum dos quatro
falou e eu esperei que Yaser não me olhasse friamente ou Trisha com tristeza
nos olhos.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
New begginning - Capítulo 148
Abracei-a com todas as forças possíveis. Nunca fomos melhores amigas
e raramente tínhamos conversas normais que uma mãe e uma filha têm. Ela sabia
que eu nunca lhe tinha dado o devido valor, mas estava arrependida disso. Ao
longo de todos estes anos as demonstrações de carinho eram raras, tanto da
minha parte como dela. Provavelmente por causa do meu pai.
Soluçava, incansável.
- Zayn, arranja qualquer coisa para ela comer – a voz da minha mãe
era suave.
Observei-o a mover-se pela cozinha, preparando uma sanduíche e
enchendo um copo com leite. Sentou-se do outro lado da mesa, depois de colocar
o prato e o copo à minha frente.
- Acalma-te um pouco, Isabela, tens de comer.
A minha mãe depositou um beijo na minha testa e eu virei-me. Comi o
pão com calma, agarrada à sua cintura enquanto olhava para ele. Os seus olhos
sombrios nunca tinham largado os meus e eu não gostava da maneira como ele
estava pensativo. Nunca era bom sinal. Percebi que se recriminava pelo que
estava a acontecer.
Quando acabei de beber o leite, a minha mãe forçou-me a largá-la e a
olhar para ela.
- Vai tudo correr bem – assegurou-me. – Qualquer que seja a tua
decisão, vou apoiar-te.
A realidade abateu-se de novo sobre mim e eu chorei, mais uma vez. Zayn
levantou-se de repente e aproximou-se de mim.
- Eu entendo que esteja a ser difícil para ti e custa-me muito ver-te
neste estado, filha, mas a decisão é tua e dele, não minha. Acredito que és
capaz de fazer a decisão correta, seja ela assumires a gravidez ou abdicares
disso.
Não conseguia entender as palavras dela. Supostamente não é assim que
as mães devem reagir a isto, não quando a sua fiha adolescente está grávida. O
meu choque era evidente. Ela suspirou.
- Podes não acreditar – continuou – mas tens maturidade suficiente
para saber o que fazer. Não te esqueças que a ideia de vir para Inglaterra foi
tua, pelo teu irmão. Eu apenas vim para não ficar longe de vocês. Sinceramente,
se tivesses vindo só tu, conseguias muito bem viver sozinha.
Esboçou um sorriso.
Tinha a cabeça a fervilhar de preocupação. Sam aproximou-se de mim e
passou-me à mão um dos seus dinossauros. Não evitei sorrir.
- Queres brincar? – Perguntei.
Ele acenou que sim. Agarrou-me pelo braço e puxou-me para o seu nível
de estatura. Fiquei de joelhos.
Limpou as lágrimas dos meus olhos com as suas mãos pequeninas e
depositou um beijo no meu rosto. Olhou para mim por um momento e sorriu.
- Obrigada meu amor.
Ele sorriu mais, mostrando os dentinhos que ainda se estavam a
formar. Levantei-me com cuidado e acompanhei-o até à sala. Sentámo-nos no chão,
só os dois, e em silêncio. Quando dei por ela, já passavam das oito da noite.
Poucos dias tinham passado.
As palavras da minha mãe tinham ficado retidas no meu pensamento.
Apesar de ter dedicado todo o meu tempo a Sam, a minha mente era um remoínho de
preocupações. Zayn passava a maior parte do tempo com a família, mas apenas
porque eu insistira. Nos últimos tempos raramente passava algum tempo de
qualidade com as suas irmãs.
- Precisas falar com os teus pais – aconselhei.
- Eu sei – suspirou.
Tinha-me levado ao Hyde Park, nessa tarde. Safaa veio conosco e
divertia-se a alimentar os patos do lago. Eu estava encostada ao peito de Zayn,
no seu colo.
- Mesmo que sejas maior de idade, precisas do apoio deles.
- Mas a nossa decisão já está tomada, Bells. – Resmungou.
Trinquei o lábio.
- Eu sei, mas eles continuam a ser os teus pais.
Levantei a cabeça para o olhar. A expressão do seu rosto era de teimosia e eu dei-lhe uma palmada na
mão.
- Por favor, fala com eles. Por mim.
Aproximei-me do seu rosto e beijei-o.
As nossas mãos frias friccionavam-se à procura do calor que nos
corria nas veias. O vento estava benevolente e não atiçava o frio que já se
tinha instalado no ar.
- Zayn... – sussurrei.
Ele suspirou, sem paciência.
- Está bem. Eu falo com eles.
Encostei de novo a minha cabeça no seu peito.
- Obrigada - respondi, com um sorriso nos meus lábios e os olhos postos em Safaa.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
New Begginning - Capítulo 147
Acordei com Zayn a cantarolar. Remexi-me na cama com preguiça mas não
abri os olhos. Continuava cansada e preferi não me mexer, deixando o meu
estômago roncar.
- Continua a cantar, por favor – sussurrei quando deixei de ouvir a
melodia.
Adormecia e acordava numa sequência sem sentido. A certa altura
deixei de tentar dormir mais. Os seus dedos percorriam a minha pele e a
sensação era assombrosa. Sentia o seu calor no meu rosto e abri os olhos para o
ver.
Olhava para mim. Pisquei os olhos, tanto pela preguiça matinal como
pela timidez de o ter tão próximo de mim. A sensação vivia sem fim desde os
primeiros dias em que o meu amor por ele crescia rapidamente. Estava de boxers
mas os meus olhos vibravam apenas para a tatuagem no seu peito e para as
incontáveis que percorriam os seus braços. Levei a mão ao seu peito, imaginando
o relevo das asas e dos lábio vermelhos. O seu peito elevava-se um pouco mais
que o normal quando os meus dedos, com leveza, percorriam-lhe a pele.
Afaguei o seu rosto e dei-lhe um beijo rápido.
- Bom dia – murmurei.
Ele sorriu.
- Bom dia, Bells.
Entreolhámo-nos durante imenso tempo, o sol lentamente a iluminar
mais o meu quarto.
Eu sabia que não podia adiar mais o assunto, mas aterrorizava-me a
ideia de enfrentar a notícia de que estava grávida. Sentia-me a gritar por
dentro. Nunca pensei que realmente pudesse acontecer algo assim, ainda para
mais tão jovem. Conseguia agora colocar-me no lugar das raparigas da minha
idade que engravidam acidentalmente – tal como me aconteceu – mas não conseguia
imaginar como é quando se deparam com a realidade de que não têm ninguém em
quem se apoiar.
Formou-se um nó na minha garganta. Aterrorizava-me a hipótese de Zayn
me deixar depois de isto acontecer.
- O que se passa? – Perguntou.
Aninhei-me mais junto a ele, escondendo o rosto.
- Estou apenas cansada – menti.
Ele suspirou. Eu sabia que não acreditava em mim, mas não insistiu em
querer saber o que realmente se passava. Eu apenas precisava de mais algum
tempo para resolver todos os meus pensamentos. Ainda assim era tão aterrador.
Sentia-me sozinha nisto, já que eu é que carregava um ser vivo dentro de mim.
Estava à espera de sentir aquele impacto maternal que as mulheres têm
quando sabem que estão grávidas. De uma felicidade inesperada tomar conta do
meu espírito. Ao invés disso, tinha sido o horror que se instalara em mim. Nos
últimos três dias era como se algo me sufocasse, algo preso na minha garganta
que me deixava sem fôlego.
Podia falar com a minha mãe, afinal era a pessoa certa para o que se
passava. Tinha tanto medo de que me olhasse de maneira diferente agora que...
- Bells? – Zayn despertou-me dos meus pensamentos.
- Sim?
- Vamos tomar o pequeno-almoço. Já passa do meio-dia.
Sorri em resposta, mas precisava primeiro tomar um banho. Agarrei
numa sweatshirt e numas calças de fato de treino, agradecendo a Zayn por ter
ido buscar a minha roupa interior. Sorriu-me perversamente e rolei os olhos,
fazendo-o rir. Tive alguma dificuldade sozinha, mas não voltaria a chamá-lo
para me ajudar. Acabei apenas por passar a maior parte do corpo por água e, com
dificuldade, a passar o shampô pelo cabelo.
Quando desci as escadas, vi Sam a brincar na sala. Virou o rosto na
minha direção e gritou em felicidade. Não resisti sorrir também e recebê-lo nos
meus braços. Quer dizer, deixá-lo abraçar-me as pernas.
- Ainda vou cair, Booboo, calma!
Enquanto me tentava equilibrar, percebi que Zayn me olhava, sentado
na bancada da cozinha. Era desconcertante.
Caminhei para a cozinha, com Sam ao meu lado.
- Pára com isso, estás a pôr-me desconfortável – murmurei quando
cheguei junto a ele.
Desviou os olhos enquanto bebia o resto do sumo de laranja.
- Desculpa.
A porta do quintal abriu-se e a minha mãe entrou na cozinha, com o
nariz vermelho e a pingar. Olhou para nós e sorriu, justificando que tinha ido
à mercearia comprar algumas coisas que faltavam. Fiquei confusa, falava
descontraidamente como se estivesse tudo dentro da normalidade e nada de mal
tivesse acontecido.
Zayn ajudava-a com as compras enquanto ela comentava comigo que a
mercearia da nossa rua, em Lisboa, tinha muito mais leque de escolha na ala dos
legumes. Revirei os olhos perante os comentários de fofoca.
- Mãe – chamei-a.
- ...sabes, acho que me estou a acostumar a isto.
- Mãe – repeti.
- ...As coisas são muito mais caras aqui, mas acho que já consigo
perceber o que vale a pena comprar e o que não vale.
- Mãe.
- ...Além disso, no outro dia a nossa vizinha recomendou-me uma
mercearia que vende produtos portugueses. Vou finalmente conseguir arranjar
bacalhau.
- Mãe!
A cozinha ficou em silêncio quando eu gritei.
- És capaz de me ouvir, por favor? – Pedi.
Ela virou-se para mim, ainda com o saco de bolachas na mão. Olhei
para Zayn durante um segundo e a minha mãe fez o mesmo.
- Diz, Isabela – pediu, na nossa língua.
Trinquei o lábio, nervosa, antes de falar.
- Porque estás a agir assim?
- Assim como?
- Não te faças de parva, por favor, mãe.
Inclinou-se para a frente, apoiando-se na mesa.
- Estou a tentar agir normalmente, como todos os dias. O que queres
que eu faça? Que me feche no quarto o dia todo?
Ouch.
- Estás a querer dizer o quê com isso?
Ela suspirou e voltou a arrumar as compras.
- Não estou a dizer nada, Isabela. Eu simplesmente não posso parar
tudo, tenho as contas para pagar, tenho de alimentar-te a ti e ao teu irmão.
- Estás a fingir que nada aconteceu, parece que nem te importas.
Senti-o a olhar para mim,
mas não me virei na sua direção.
- É claro que me importo, Bella!
- Não parece!
Estávamos agora a discutir, em plenos pulmões. Eu só queria perceber
como é que ela se mantinha tão calma, quando eu esperava ouvi-la gritar comigo
e recriminar-me por tudo.
- Come qualquer coisa, entretanto faço o almoço – mandou.
- Podes parar por cinco minutos, por favor?! – Gritei.
A minha mãe bateu com a porta do armário com demasiada força. Tremi
com o barulho. Sam correu para a sala e Zayn apenas se moveu para ficar atrás
de mim, fazendo-me carícias no meu braço. De certa forma aquilo acalmava-me.
Ela sentou-se e eu fiz o mesmo.
- Não sei o que fazer – sussurrei.
Fixou-me durante uns momentos e eu roía as unhas, ansiosa. Talvez não
me tenha ouvido.
- O que queres que eu faça,
Isabela? – Perguntou-me.
Respirei fundo.
- Mãe, peço-te por tudo, ajuda-me. Tu, melhor que ninguém, sabes que
eu nunca peço ajuda.
As minhas mãos tremiam, o meu peito pesava.
- Não quero estar sozinha nisto, mãe, por favor.
Caíam-me lágrimas. Não consegui encará-la nos olhos, então fixei os
olhos na mesa. Apenas se ouvia a minha choradeira e eu deixei de sentir as mãos
quentes de Zayn. Saltei com o susto quando alguém me abraçou e reconheci pelo
perfume que era a minha mãe. Não consegui aguentar e soltei o peso que sentia no
meu peito, chorando cada vez mais contra a camisola dela.
- Pronto – a sua voz era suave – aqui está. Chora tudo, meu amor.
Eu pensava que durante os dias que tinha ficado fechada no quarto, as lágrimas tinham secado e eu tinha chorado tudo. Mas estava enganada. Precisava da minha mãe mais do que nunca.
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
New Begginning - Capítulo 146
O sotaque português era forte e tive algumas dificuldades em perceber
certas palavras que dizia. No entanto, percebi claramente o que Laura quis
dizer.
Cerrei os dentes. Era embaraçoso o que ela pensava de mim. Eu podia
ser famoso, podia ter dinheiro suficiente para viver sem preocupações, podia
claramente conseguir o que eu quisesse; mas não era capaz de assumir uma
relação durante quase um ano e depois fugir. Não tinha sequer a coragem para
fazer tal coisa.
Levantei-me e pedi para voltar ao quarto de Bella.
Tentei fazer o mínimo de barulho a abrir a porta do seu quarto.
- Schhh.
Virei-me na direção do som sibilante e vi Sam à porta do seu quarto,
sonolento.
- Hey, garanhão – sussurrei, sorrindo.
Ele aproximou-se de mim e sorriu. Baixei-me um pouco, encostando a
porta do quarto de Bella.
- O que fazes acordado? – Perguntei baixinho.
- Ouvi-te a subir as escadas. Como está a minha irmã?
Sam impressionava-me sempre que o via e falava com ele. Era uma
criança imprevisível, mas livre de quaisquer más intenções.
- Está mais calma, não te preocupes. Está a dormir. E tu devias fazer
o mesmo.
Ele suspirou, exausto.
- Vamos lá – murmurei. Peguei nele ao colo, levando-o para a cama.
Observei as paredes do seu quarto e o teto cheio de estrelas. Era
impressionante e se não fosse a minha urgência em juntar-me a Bella, teria
ficado a observar o céu estrelado.
- Boa noite, garanhão.
Bocejei preguiçosamente quando já me encontrava na escuridão do
quarto de Bells. Despi as minhas calças e a sweat, juntando-me a ela.
Continuava adormecida, mas inquietou-se quando sentiu o meu peso na cama.
Encostei-me ao seu corpo débil e abracei-a por trás. O seu corpo estava frio e
eu tremi com o choque.
- Zayn.
O meu coração apertou quando ouvi a sua voz.
- Sim, meu amor? – Respondi em português. Ou tentei.
Vi-a sorrir no escuro.
- Nothing.
Aproximei-me dela e dei-lhe um beijo no pescoço. Deixou-me enrolar os
meus braços envolta do seu corpo débil e eu relaxei.
- Desculpa.
A sua voz era tão fraca que me foi difícil perceber o que ela
dissera. Apertei-a um pouco mais, afagando o seu rosto. Ficámos em silêncio
enquanto os minutos passavam e o sono pesava cada vez mais. Esforcei-me por
ficar acordado, pelo menos até ela adormecer. Quando a sua respiração se tornou
constante, fechei os olhos.
Este capítulo é pequeno para finalizar a parte narrada pelo Zayn. Ainda estou a ponderar se devo ou não escrever mais algumas partes da história segundo o ponto de vista dele. Habituei-me a escrever do ponto de vista feminino e, sinceramente, nunca pensei como seria do ponto de vista masculino. Mas consigo fazer um esforço e certamente colocarei certas passagens do resto da história (e voltar atrás "no tempo" para rever alguns momentos de Zella) do ponto de vista dele. Esta história tem imensas falhas, já que a escrevo há mais de dois anos. Evoluí bastante na minha escrita, mas passei meses sem vir aqui devido a problemas graves na minha vida. Vou acabar a história porque sei que tenho leitoras que gostaram imenso desta história e estou a tentar ao máximo não vos desiludir. Pensei em vários finais para esta história, mas adorava saber como é que vocês gostariam que acabasse. Agora com a Bella grávida queria saber o que vocês acham. Eu sei que é um pouco surreal, mas gosto de dramas e sou de extremos. Anyway, a quem esteja a ler, diga-me algo sobre como quer que a história continue, nem que seja por anónimo :) Adoro saber a vossa opinião e estou disposta a tentar interiorizar as vossas ideias na New Beggining. xx
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
New Begginning - Capítulo 145
Não sabia ao certo quanto tempo tinha passado desde que Bella
adormecera. A mãe dela, eventualmente acabou por vir ter ao quarto, para se
certificar que estava tudo bem.
- Tens fome? – Perguntou-me num sussurro, encostando-se na porta.
Neguei com um aceno de cabeça.
- Precisas de comida. – Insistiu.
Olhei para Bella; dormia serena, encostada ao meu peito. Fiz leves
carícias no seu rosto enquanto me afastava. Saí da cama fazendo o menor ruído
possível. Olhei de relance para a sua mãe e saí do quarto, fechando a porta.
Suspirei.
- Anda, Zayn – a mãe dela pegou-me na mão e guiou-me até à cozinha
pequena.
Tirei o leite do frigorífico e agarrei num copo. Sentei-me à frente
da mesa e percebi que me observava. Senti o meu rosto quente.
- Curioso – comentou antes de voltar a cortar o pão.
Foram muitas as noites que passava com Bella no seu quintal. Já sabia
onde os pratos e os copos eram arrumados, onde a sua mãe escondia a chave
suplente da porta principal – debaixo do vaso dos amores-perfeitos – e que
acordava sempre entre as sete e as nove da manhã.
Bebi o leite com alguma relutância, recriminando-me.
- Queijo?
- Sim, por favor.
- Podes ir buscar um prato, por favor?
Reparei que não havia nenhum prato arrumado e deduzi que estavam
empilhados no lava-louça. Depois de me voltar a sentar, Laura olhou para mim.
- Quantas vezes tens vindo cá?
Cerrei os dentes enquanto corria uma mão pelo cabelo. Apeteceu-me
bater com a cabeça na parede; todas as vezes que aqui estivera com o
consentimento de Laura, nunca tinha estado na cozinha, apenas na sala. Suspirei
de novo, não sabendo o que responder.
- Desconfio que tenha sido algumas vezes – continuou a falar.
Colocou um prato à minha frente e eu observei a sanduíche que me
preparara.
- Zayn – chamou-me à atenção. Eu olhei para ela, como um cachorrinho
a ser repreendido – Quando é que não costumas vir cá?
Passei a mão de novo pelo cabelo, antes de responder. Não podia
mentir. Do que me valia?
- Não costumo vir aos sábados, é quando normalmente faço serões com
Sasha ou há algum evento onde tenha de estar. Também não venho às quartas e
quintas.
Laura observava-me na calada. Isso fez-me recordar quando namorava
com Perrie e costumava subir à janela do seu quarto. Normalmente era nos dias
em que a sua mãe estava fora de casa; dava-nos toda a liberdade para fazer sexo
sem sequer o perceber. Não só no quarto como na sala ou na cozinha. Às vezes
durante o banho.
Suspirei, abanando a cabeça.
Agora que pensava nisso, a relação com Perrie resumia-se simplesmente
a escapatórias durante a noite e vez ou outra aparições em público. Assumimos
um relacionamento apenas para encher papéis e capas de revistas e magazines. Eu nunca fui parvo e
aproveitei a situação para conseguir o que um rapaz da minha idade sempre quer.
Claro que Perrie também se regalava com isso. Antes de conhecer Bella sentia-me
bastante confiante, e egocêntrico até, por saber que conseguia qualquer
rapariga.
Às vezes Perrie aborrecia-me. Ela era uma ótima rapariga, não digo o
contrário. Mas se a decisão fosse dela, gritava aos quatro ventos que eu era
dela. Nunca gostei disso.
- Zayn? – Laura chamou-me.
Pisquei os olhos.
- Desculpe. Estava a dizer?
Ela estudou-me o rosto e arqueou uma sobrancelha, suspirando.
- Estava a dizer que se não fosse a situação em que estamos, estavas
a levar um sermão e proibido de cá vir durante duas semanas.
Não disse nada, baixando a cabeça. Teria ela insinuado que o erro fora meu?
- Come. – Mandou solenemente.
Não pensei duas vezes e peguei na sanduíche. O meu estômago roncava,
ansioso. Laura continuava sentada à minha frente, mas nesta altura eu estava
demasiado desconfortável para conseguir criar uma conversa decente. Limitei-me
a acabar o snack de meia noite.
- Eu confesso que pensei que irias fugir da situação.
Olhei para a mãe de Bella. Era parecida com Bella, mas apenas no
formato dos olhos e na linha T do rosto.
- O que quer dizer com isso? – Perguntei, claramente confuso.
- O que achas que quero dizer?
Esta era a primeira vez que tinha uma conversa com Laura sem que
Bells ou Sam estivessem presentes. Era estranho e eu sentia um leve formigueiro
na espinha.
- Não sei – admiti.
Ela revirou os olhos e levantou-se. Pegou no meu prato e no copo e
lavou-os. Continuei à espera duma resposta, enquanto ela acabava de secar a
louça, arrumando-a. Virou-se de frente para mim, encostada à bancada.
- Eu preocupo-me com a minha filha. Posso não ser a melhor mãe do
mundo, mas eu amo-a com tudo o que tenho. É a minha filha e saber que está grávida de um dos rapazes mais famosos
do mundo preocupa-me. E não é pouco. – Respirou fundo. – A Isabela tem dezoito
anos, é apenas uma menina, mas por muito que eu prefira tomar decisões por ela –
parou por um breve momento – sei que não o devo fazer.
A minha garganta estava seca. Eu sabia onde Laura queria chegar. Ia responder,
mas não me deixou.
- Já tens idade suficiente para decidir o que fazer com a tua vida,
Zayn. Não duvido dos tens sentimentos pela Isabela. Mas sei bem como é que
estas situações acabam.
New Begginning - Capítulo 144
Zayn
Os meus olhos adaptaram-se à escuridão do seu quarto e eu consegui
finalmente ver-lhe as feições do rosto. Ela estava esgotada. Conseguia perceber
que o seu cabelo estava fraco e começava a cair, quando no meio da sua luta comigo várias madeixas de cabelo
tinham caído no chão. As suas lágrimas tinham secado nas bochechas e eu
conseguia ver a diferença do tom da pele. Os seus lábios estavam pálidos e
gretados, as suas pálpebras tremiam enquanto ela dormia. E eu consegui ver sem
dificuldade as olheiras que pesavam.
Quando os médicos me disseram que ela estava grávida, nada me passou
pela cabeça durante dois segundos. Depois o choque abateu-se sobre mim.
Senti-me completamente irresponsável e estúpido. Totalmente estúpido. O que ia
acontecer com a banda? Isto ia arruinar por completo todo o nosso trabalho até
aqui, todo o esforço que fizemos até chegar ao patamar onde estávamos. E tudo
por causa da minha irresponsabilidade. Naquele momento odiei-me. Os rapazes
nunca me perdoariam. E as fãs? Meu Deus, as fãs. Nem conseguia pensar nisso.
Liam foi o primeiro a saber. Ele era o mais calmo e racional do grupo
em situações extremas. E eu estava a enlouquecer naquele hospital. Despachei a
minha família para casa, inventando uma desculpa. Claro que Doniya não mordeu o
isco. Ela sabia que algo se passava, mas felizmente não me pressionou.
O doutor Peter tinha-me dito que só poderia vê-la dentro de algumas horas. Provavelmente ao final do dia. Mas
Bella, irreverente como sempre – e eu já devia ter desconfiado que quando ela
recebesse a notícia que não iria aceitar tão bem quanto eu. E quando a vi a espreitar pelas portas da Oncologia,
vi claramente o quanto ela estava assustada. Ela, pior que eu, não conseguiria
lidar com a situação sozinha. Os rapazes iriam compreender. Eles tinham de compreender que eu não podia
abandoná-la agora.
E depois fugiu do hospital. O meu coração disparou a mil quando a
perdi de vista. Porque é que ela fugiu?! Tinha medo do quê? Que eu a deixasse?
Ela conhecia-me melhor que isso.
Poucos minutos depois Elizabeth, a tia de Marie, avisara-nos que
Bella estava com ela e sã. Mas não era o suficiente. Eu tinha de vê-la. Tinha
de falar com ela. Queria certificar-me que ela estava bem. Niall foi buscá-la e
foi preciso Harry e Louis prenderem-me em casa. Eu teria pegado no carro e, no
estado em que estava, havia grandes probabilidades de provocar algum acidente.
Por volta das onze, Niall regressou e deu notícias. Preferi falar com Marie,
que me providenciou melhores informações do que Niall; claro.
- Lamento, Zayn. – disse ela, desanimada. – Tens de lhe dar tempo.
Ela chama-te quando estiver preparada.
Não me conformei com aquilo.
Fiz o que Marie me aconselhou, esperei três dias sem a pressionar. Consumi
cinco maços de tabaco nesses três dias, o triplo ou quadruplo do que eu consumo
usualmente. Só contei aos meus pais no terceiro dia.
- Zayn, o que se passa? – Perguntou a minha mãe quando os chamei para
a sala.
Ela estava preocupada e as rugas na sua testa evidenciavam-se mais
quando unia as sobrancelhas. O meu pai continuou calado e eu sabia que até eu
falar ele não iria dizer nada. Eles sentaram-se no sofá e eu sentei-me na
cadeira em frente deles. Isto não seria fácil. Nada mesmo. No que estava eu a
pensar? É claro que eles não iam aceitar de ânimo leve!
- Zayn? – A minha mãe chamou de novo.
Levantei o rosto para ela, encontrando os seus olhos brilhantes que
tentavam decifrar o que eu queria dizer.
Não havia volta a dar. E eu tinha de assumir responsabilidades.
- Isto não é fácil de dizer e não pensem que eu não me recrimino. Sou
o culpado no meio disto tudo.
A minha voz era solene e baixa. Olhei para ela e percebi que não
percebia o que eu queria dizer. Suspirei.
- A Bella – tentei dizer. – A Bella...
As palavras não me saíam. Sempre que eu tentava dizer que ela estava
grávida, parecia que algo me travava a voz. Agarrei no cabelo vezes sem conta,
frustrado com a situação. Olhava para a minha mãe e para o meu pai, à procura
das palavras que se perdiam na minha voz.
- Oh meu deus – ouvi a minha mãe.
Olhei para ela e vi o choque no seu rosto. Ela tinha deduzido.
- Oh meu deus – repetiu.
E repetiu.
E repetiu.
E repetiu.
A sua voz tornou-se esganiçada e eu atirei-me para trás na cadeira,
as lágrimas a brotarem dos meus olhos.
Tudo o que a minha mãe fez foi levar as mãos ao rosto enquanto as
palavras “Oh meu deus” e “Como é que isto aconteceu?” lhe jorravam
da boca. Abanei a cabeça e limpei as lágrimas.
- Desculpa, mãe. Foi uma irresponsabilidade enorme. Eu nem sequer
pensei e a culpa é inteiramente minha! A Bella não tem culpa, por favor, não a
culpem.
Ela não precisava de levar com os olhos acusadores da
minha família, isso iria destruí-la
ainda mais.
- É claro que a Bella também tem culpa. Têm os dois por igual – o meu
pai falou solenemente.
Eu olhei para ele, cerrando os dentes.
Esperei pelo repreendimento, mas não disseram mais nada. Durante
momentos nenhum de nós disse algo, apenas se ouvia a minha mãe choramingar e os
seus soluços. Depois o meu pai levantou-se e o meu corpo ficou hirto.
- És maior de idade. A decisão não é da tua mãe e muito menos minha. Lida
tu com a situação.
Virou costas e preparou-se para sair.
- Bruce, por favor, vamos falar disto. Em família. – Pediu a minha
mãe. Eu continuei quieto.
- Não há nada para falar, Trisha. Se ele é responsável para fazer sexo sem precaução, também é
responsável para assumir um filho.
Pegou nas chaves de casa e abriu a porta. Olhou mais uma vez para
trás, olhando-me friamente.
- Ou então ela aborta.
E saiu.
O meu pai não me voltara a falar desde aquela conversa.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
New Begginning - Capítulo 143
Quando acordei, não abri os olhos. As persianas estavam para baixo, o
que mantinha o quarto escuro. Continuava sem saber que horas eram. Algum tempo
depois, a porta do quarto abriu-se lentamente e eu não abri os olhos para
descobrir quem era. Percebi pelo aroma que se tratava de comida e o meu
estômago rapidamente deu sinal. Estava esfomeada.
Mantive-me imóvel até que saíssem do quarto e voltassem a fechar a
porta. Abri os olhos e em cima da minha secretária estava uma bandeja com uma
sopa, um copo de água, pão e um prato. Levantei-me silenciosamente e sentei-me
na cadeira. A minha mãe tinha-me feito o que parecia ser o almoço e eu não
perdi tempo a fazer cerimónias para comer. Não deixei nada no prato e até rapei
a taça da sopa o máximo que consegui. Comi o pão todo e desejei ter mais água
para beber, mas não era capaz de sair do quarto. Voltei para a cama e virei-me
contra a parede.
Não conseguia voltar a adormecer. Demasiados pensamentos
atormentavam-me. E ainda assim, não conseguia pensar nada em concreto. Tinha
Zayn constantemente a atormentar-me a cabeça, claro. Desejei dormir de novo e
tentei demasiadas vezes para o conseguir, mas estava demasiado desperta.
A porta do quarto acabou por voltar a abrir e eu mantive-me imóvel.
Um freixo de luz entrava pelo quarto, o que me fez semicerrar os olhos, mesmo
por baixo dos lençóis. Ouvi Sam à porta do quarto a perguntar à minha mãe se eu
estava a dormir. Ela respondeu que sim antes de sair outra vez, com a bandeja.
Pelo menos, a fingir estar adormecida funcionava. Revirei-me na cama algumas
vezes, perdida no tempo.
Sabia-me bem estar sozinha. Pelo menos por agora. Dava-me tempo para
pensar.
Tinham passado alguns dias provavelmente, não sabia bem.
Eventualmente eu acabei por dormir durante imenso tempo. Apenas acordava para
comer e durante a noite para ir à casa de banho. Duas vezes não aguentei e tive
de sair do quarto durante o dia para usar o banheiro. Olhei uma vez para o
espelho e eu estava uma completa desgraça. O meu cabelo estava oleoso e com uma
coloração feia, mais escuro que o normal. E começava a cair devido ao cancro. A
dor era insuportável, saber que a cada dia que passasse eu tornar-me-ia cada
vez mais horrorosa. Os meus olhos estavam baços e sem vida, a minha pele também
oleosa e pálida. As olheiras habituais tinham-se aprofundado e eu estava
irreconhecível.
Exato. A imagem de Isabela Ferreira tinha deixado de existir. Eu não
era ninguém.
Gritos no andar de baixo acordaram-me. Enterrei a cabeça na almofada
para voltar a adormecer, mas alguém voltou a gritar.
- Isto não pode continuar, eu quero vê-la!
- Dá-lhe mais uns dias, por favor.
- Já lhe dei uma semana, acho que é mais que suficiente.
A voz masculina gritava mais que a feminina.
- Tens que compreender! Ela não está bem, Zayn!
O meu coração disparou ao ouvir o nome dele.
O quê?! Ele estava aqui?! Não, não, não. Eu não o quero ver, manda-o
daqui para fora! Expulsa-o de casa!
- E eu?! – Ele falou. – Eu também não estou bem e quero vê-la! Ela
precisa de mim.
Ele continuava a gritar.
- Zayn pára! – disse a minha mãe.
Ouvi alguns passos a aproximarem-se e eu não estava nada preparada
para que a porta se abrisse. A luz do dia entrou no quarto e eu ceguei,
literalmente. Gritei com a dor nos olhos, puxando a almofada contra a minha
cara.
- Bella!
Zayn chamou por mim e eu continuei a gritar.
- Sai daqui! – Disse entre os gritos. – SAI DAQUI! – Gritei mais.
- Não!
Remexi-me na cama, puxando os lençóis para me esconder dele.
Debati-me tanto que bati com a cabeça na parede e a dor aguda fez-me ficar
zonza. Perdi as forças nos braços por breves instantes, o suficiente para que
ele pudesse aproximar-se de mim. Gritei de novo, tentando pontapear-lhe o corpo
para que se afastasse. Ele debateu-se também, tentando prender-me o corpo, mas
eu fugia sempre.
- Sai daqui, Zayn, sai daqui! – A minha voz saía que nem um guincho e
eu já conseguia sentir as lágrimas formarem-se nos meus olhos.
Ele não respondeu.
Continuei a gritar, tentando esconder a minha cara à medida que o
tentava afastar. Mas eu não tinha a força que ele tinha e ele conseguiu
prender-me nos seus braços. O meu corpo latejava tanto de dor como de cansaço e
eu chorei ruidosamente contra o seu peito. Gritei ao máximo, sabendo que a
minha mãe estava à porta. Bati em Zayn, bati até que as minhas forças se
esgotassem. Baixei os braços sobre o seu corpo quente que me sustinha no colo
dele. Continuei a gritar e a chorar compulsivamente.
Não conseguia parar de o fazer. Durante a tal semana que Zayn me
tinha dado, eu tinha dormido metade do dia e a outra metade a ouvir os sons do
andar debaixo e o vento lá fora contra a janela. Não sabia nada do que se
passava no mundo, não sabia nada do que tinha acontecido com os rapazes e
definitivamente que sabia ainda menos do pouco que eu sabia sobre o seu
trabalho de músicos. Não sabia como é que a minha mãe tinha aguentado uma
semana sem tentar falar comigo ou como Sam aguentou sem vir a choramingar para
a minha porta. Não sabia como é que Zayn tinha sido capaz de me deixar sozinha
naquela situação toda.
Chorei durante horas. Eu sabia que tinha passado muito tempo porque
as minhas pernas e as minhas costas já me doíam da posição em que eu estava. Os
sons que saíam da minha boca eram animalescos mas borrifei-me para o que ele
pensasse sobre isso. Seria bem pior ele ver a minha figura. Zayn estava tenso.
Remexeu-se na cama e eu aproveitei para tentar soltar-me dele. Os seus braços
voltaram a tornar-se hirtos.
- Schhhh, schhhh – ouvi-o.
Rosnei e gemi enquanto me remexia no seu colo.
- Vamos deitar na cama, Bells. – falou pela primeira vez. O seu
murmúrio bastou para que o meu coração me doesse ainda mais.
Solucei sobre as minhas lágrimas e tornei-me mole, deixando que me
deitasse na cama. Virou-me contra a parede e eu deixei-me estar quieta. Não ia
debater mais, era inútil. As suas botas bateram no chão quando se descalçou e
senti o peso do seu corpo sobre a cama. Encostou-se a mim e eu pude respirar o
seu perfume. O meu peito doeu de novo. As suas mãos procuraram as minhas, mas
eu mantive-as presas e escondidas dele. Acabou por desistir; porém, torturou-me
com leves carinhos que me fazia no braço. Tremi algumas vezes quando os seus
dedos roçavam-me a pele.
De novo, ao fim de algum tempo, as lágrimas secaram e eu já quase me deixava adormecer. Estava tão cansada. O meu braço esquerdo já estava com formigueiros e eu mudei de posição para o outro lado. Senti algo quente à minha frente mas a sensação era tão boa que me deixei estar. Aliás, encostei-me mais para a frente, repousando a cabeça num tecido suave que exalava calor. Percebi que era ele que ainda ali estava, mas não tinha forças para protestar mais. Tinha desistido de o fazer. As minhas pernas encontraram as dele e acabei por adormecer.
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