segunda-feira, 3 de novembro de 2014

New Begginning - Capítulo 144

 
Zayn
Os meus olhos adaptaram-se à escuridão do seu quarto e eu consegui finalmente ver-lhe as feições do rosto. Ela estava esgotada. Conseguia perceber que o seu cabelo estava fraco e começava a cair, quando no meio da sua luta comigo várias madeixas de cabelo tinham caído no chão. As suas lágrimas tinham secado nas bochechas e eu conseguia ver a diferença do tom da pele. Os seus lábios estavam pálidos e gretados, as suas pálpebras tremiam enquanto ela dormia. E eu consegui ver sem dificuldade as olheiras que pesavam.
Quando os médicos me disseram que ela estava grávida, nada me passou pela cabeça durante dois segundos. Depois o choque abateu-se sobre mim. Senti-me completamente irresponsável e estúpido. Totalmente estúpido. O que ia acontecer com a banda? Isto ia arruinar por completo todo o nosso trabalho até aqui, todo o esforço que fizemos até chegar ao patamar onde estávamos. E tudo por causa da minha irresponsabilidade. Naquele momento odiei-me. Os rapazes nunca me perdoariam. E as fãs? Meu Deus, as fãs. Nem conseguia pensar nisso.
Liam foi o primeiro a saber. Ele era o mais calmo e racional do grupo em situações extremas. E eu estava a enlouquecer naquele hospital. Despachei a minha família para casa, inventando uma desculpa. Claro que Doniya não mordeu o isco. Ela sabia que algo se passava, mas felizmente não me pressionou.
O doutor Peter tinha-me dito que só poderia vê-la dentro de algumas horas. Provavelmente ao final do dia. Mas Bella, irreverente como sempre – e eu já devia ter desconfiado que quando ela recebesse a notícia que não iria aceitar tão bem quanto eu. E quando a vi a espreitar pelas portas da Oncologia, vi claramente o quanto ela estava assustada. Ela, pior que eu, não conseguiria lidar com a situação sozinha. Os rapazes iriam compreender. Eles tinham de compreender que eu não podia abandoná-la agora.
E depois fugiu do hospital. O meu coração disparou a mil quando a perdi de vista. Porque é que ela fugiu?! Tinha medo do quê? Que eu a deixasse? Ela conhecia-me melhor que isso.
Poucos minutos depois Elizabeth, a tia de Marie, avisara-nos que Bella estava com ela e sã. Mas não era o suficiente. Eu tinha de vê-la. Tinha de falar com ela. Queria certificar-me que ela estava bem. Niall foi buscá-la e foi preciso Harry e Louis prenderem-me em casa. Eu teria pegado no carro e, no estado em que estava, havia grandes probabilidades de provocar algum acidente. Por volta das onze, Niall regressou e deu notícias. Preferi falar com Marie, que me providenciou melhores informações do que Niall; claro.
- Lamento, Zayn. – disse ela, desanimada. – Tens de lhe dar tempo. Ela chama-te quando estiver preparada.
Não me conformei com aquilo.
Fiz o que Marie me aconselhou, esperei três dias sem a pressionar. Consumi cinco maços de tabaco nesses três dias, o triplo ou quadruplo do que eu consumo usualmente. Só contei aos meus pais no terceiro dia.
- Zayn, o que se passa? – Perguntou a minha mãe quando os chamei para a sala.
Ela estava preocupada e as rugas na sua testa evidenciavam-se mais quando unia as sobrancelhas. O meu pai continuou calado e eu sabia que até eu falar ele não iria dizer nada. Eles sentaram-se no sofá e eu sentei-me na cadeira em frente deles. Isto não seria fácil. Nada mesmo. No que estava eu a pensar? É claro que eles não iam aceitar de ânimo leve!
- Zayn? – A minha mãe chamou de novo.
Levantei o rosto para ela, encontrando os seus olhos brilhantes que tentavam decifrar o que eu queria dizer.
Não havia volta a dar. E eu tinha de assumir responsabilidades.
- Isto não é fácil de dizer e não pensem que eu não me recrimino. Sou o culpado no meio disto tudo.
A minha voz era solene e baixa. Olhei para ela e percebi que não percebia o que eu queria dizer. Suspirei.
- A Bella – tentei dizer. – A Bella...
As palavras não me saíam. Sempre que eu tentava dizer que ela estava grávida, parecia que algo me travava a voz. Agarrei no cabelo vezes sem conta, frustrado com a situação. Olhava para a minha mãe e para o meu pai, à procura das palavras que se perdiam na minha voz.
- Oh meu deus – ouvi a minha mãe.
Olhei para ela e vi o choque no seu rosto. Ela tinha deduzido.
- Oh meu deus – repetiu.
E repetiu.
E repetiu.
E repetiu.
A sua voz tornou-se esganiçada e eu atirei-me para trás na cadeira, as lágrimas a brotarem dos meus olhos.
Tudo o que a minha mãe fez foi levar as mãos ao rosto enquanto as palavras “Oh meu deus” e “Como é que isto aconteceu?” lhe jorravam da boca. Abanei a cabeça e limpei as lágrimas.
- Desculpa, mãe. Foi uma irresponsabilidade enorme. Eu nem sequer pensei e a culpa é inteiramente minha! A Bella não tem culpa, por favor, não a culpem.
Ela não precisava de levar com os olhos acusadores da minha família, isso iria destruí-la ainda mais.
- É claro que a Bella também tem culpa. Têm os dois por igual – o meu pai falou solenemente.
Eu olhei para ele, cerrando os dentes.
Esperei pelo repreendimento, mas não disseram mais nada. Durante momentos nenhum de nós disse algo, apenas se ouvia a minha mãe choramingar e os seus soluços. Depois o meu pai levantou-se e o meu corpo ficou hirto.
- És maior de idade. A decisão não é da tua mãe e muito menos minha. Lida tu com a situação.
Virou costas e preparou-se para sair.
- Bruce, por favor, vamos falar disto. Em família. – Pediu a minha mãe. Eu continuei quieto.
- Não há nada para falar, Trisha. Se ele é responsável para fazer sexo sem precaução, também é responsável para assumir um filho.
Pegou nas chaves de casa e abriu a porta. Olhou mais uma vez para trás, olhando-me friamente.
- Ou então ela aborta.
E saiu.
O meu pai não me voltara a falar desde aquela conversa.

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