sexta-feira, 21 de novembro de 2014

New Begginning - Capítulo 147



Acordei com Zayn a cantarolar. Remexi-me na cama com preguiça mas não abri os olhos. Continuava cansada e preferi não me mexer, deixando o meu estômago roncar.
- Continua a cantar, por favor – sussurrei quando deixei de ouvir a melodia.
Adormecia e acordava numa sequência sem sentido. A certa altura deixei de tentar dormir mais. Os seus dedos percorriam a minha pele e a sensação era assombrosa. Sentia o seu calor no meu rosto e abri os olhos para o ver.
Olhava para mim. Pisquei os olhos, tanto pela preguiça matinal como pela timidez de o ter tão próximo de mim. A sensação vivia sem fim desde os primeiros dias em que o meu amor por ele crescia rapidamente. Estava de boxers mas os meus olhos vibravam apenas para a tatuagem no seu peito e para as incontáveis que percorriam os seus braços. Levei a mão ao seu peito, imaginando o relevo das asas e dos lábio vermelhos. O seu peito elevava-se um pouco mais que o normal quando os meus dedos, com leveza, percorriam-lhe a pele.
Afaguei o seu rosto e dei-lhe um beijo rápido.
- Bom dia – murmurei.
Ele sorriu.
- Bom dia, Bells.
Entreolhámo-nos durante imenso tempo, o sol lentamente a iluminar mais o meu quarto.
Eu sabia que não podia adiar mais o assunto, mas aterrorizava-me a ideia de enfrentar a notícia de que estava grávida. Sentia-me a gritar por dentro. Nunca pensei que realmente pudesse acontecer algo assim, ainda para mais tão jovem. Conseguia agora colocar-me no lugar das raparigas da minha idade que engravidam acidentalmente – tal como me aconteceu – mas não conseguia imaginar como é quando se deparam com a realidade de que não têm ninguém em quem se apoiar.
Formou-se um nó na minha garganta. Aterrorizava-me a hipótese de Zayn me deixar depois de isto acontecer.
- O que se passa? – Perguntou.
Aninhei-me mais junto a ele, escondendo o rosto.
- Estou apenas cansada – menti.
Ele suspirou. Eu sabia que não acreditava em mim, mas não insistiu em querer saber o que realmente se passava. Eu apenas precisava de mais algum tempo para resolver todos os meus pensamentos. Ainda assim era tão aterrador. Sentia-me sozinha nisto, já que eu é que carregava um ser vivo dentro de mim.
Estava à espera de sentir aquele impacto maternal que as mulheres têm quando sabem que estão grávidas. De uma felicidade inesperada tomar conta do meu espírito. Ao invés disso, tinha sido o horror que se instalara em mim. Nos últimos três dias era como se algo me sufocasse, algo preso na minha garganta que me deixava sem fôlego.
Podia falar com a minha mãe, afinal era a pessoa certa para o que se passava. Tinha tanto medo de que me olhasse de maneira diferente agora que...
- Bells? – Zayn despertou-me dos meus pensamentos.
- Sim?
- Vamos tomar o pequeno-almoço. Já passa do meio-dia.
Sorri em resposta, mas precisava primeiro tomar um banho. Agarrei numa sweatshirt e numas calças de fato de treino, agradecendo a Zayn por ter ido buscar a minha roupa interior. Sorriu-me perversamente e rolei os olhos, fazendo-o rir. Tive alguma dificuldade sozinha, mas não voltaria a chamá-lo para me ajudar. Acabei apenas por passar a maior parte do corpo por água e, com dificuldade, a passar o shampô pelo cabelo.
Quando desci as escadas, vi Sam a brincar na sala. Virou o rosto na minha direção e gritou em felicidade. Não resisti sorrir também e recebê-lo nos meus braços. Quer dizer, deixá-lo abraçar-me as pernas.
- Ainda vou cair, Booboo, calma!
Enquanto me tentava equilibrar, percebi que Zayn me olhava, sentado na bancada da cozinha. Era desconcertante.
Caminhei para a cozinha, com Sam ao meu lado.
- Pára com isso, estás a pôr-me desconfortável – murmurei quando cheguei junto a ele.
Desviou os olhos enquanto bebia o resto do sumo de laranja.
- Desculpa.
A porta do quintal abriu-se e a minha mãe entrou na cozinha, com o nariz vermelho e a pingar. Olhou para nós e sorriu, justificando que tinha ido à mercearia comprar algumas coisas que faltavam. Fiquei confusa, falava descontraidamente como se estivesse tudo dentro da normalidade e nada de mal tivesse acontecido.
Zayn ajudava-a com as compras enquanto ela comentava comigo que a mercearia da nossa rua, em Lisboa, tinha muito mais leque de escolha na ala dos legumes. Revirei os olhos perante os comentários de fofoca.
- Mãe – chamei-a.
- ...sabes, acho que me estou a acostumar a isto.
- Mãe – repeti.
- ...As coisas são muito mais caras aqui, mas acho que já consigo perceber o que vale a pena comprar e o que não vale.
- Mãe.
- ...Além disso, no outro dia a nossa vizinha recomendou-me uma mercearia que vende produtos portugueses. Vou finalmente conseguir arranjar bacalhau.
- Mãe!
A cozinha ficou em silêncio quando eu gritei.
- És capaz de me ouvir, por favor? – Pedi.
Ela virou-se para mim, ainda com o saco de bolachas na mão. Olhei para Zayn durante um segundo e a minha mãe fez o mesmo.
- Diz, Isabela – pediu, na nossa língua.
Trinquei o lábio, nervosa, antes de falar.
- Porque estás a agir assim?
- Assim como?
- Não te faças de parva, por favor, mãe.
Inclinou-se para a frente, apoiando-se na mesa.
- Estou a tentar agir normalmente, como todos os dias. O que queres que eu faça? Que me feche no quarto o dia todo?
Ouch.
- Estás a querer dizer o quê com isso?
Ela suspirou e voltou a arrumar as compras.
- Não estou a dizer nada, Isabela. Eu simplesmente não posso parar tudo, tenho as contas para pagar, tenho de alimentar-te a ti e ao teu irmão.
- Estás a fingir que nada aconteceu, parece que nem te importas.
Senti-o a olhar para mim, mas não me virei na sua direção.
- É claro que me importo, Bella!
- Não parece!
Estávamos agora a discutir, em plenos pulmões. Eu só queria perceber como é que ela se mantinha tão calma, quando eu esperava ouvi-la gritar comigo e recriminar-me por tudo.
- Come qualquer coisa, entretanto faço o almoço – mandou.
- Podes parar por cinco minutos, por favor?! – Gritei.
A minha mãe bateu com a porta do armário com demasiada força. Tremi com o barulho. Sam correu para a sala e Zayn apenas se moveu para ficar atrás de mim, fazendo-me carícias no meu braço. De certa forma aquilo acalmava-me.
Ela sentou-se e eu fiz o mesmo.
- Não sei o que fazer – sussurrei.
Fixou-me durante uns momentos e eu roía as unhas, ansiosa. Talvez não me tenha ouvido.
- O que queres que eu faça, Isabela? – Perguntou-me.
Respirei fundo.
- Mãe, peço-te por tudo, ajuda-me. Tu, melhor que ninguém, sabes que eu nunca peço ajuda.
As minhas mãos tremiam, o meu peito pesava.
- Não quero estar sozinha nisto, mãe, por favor.
Caíam-me lágrimas. Não consegui encará-la nos olhos, então fixei os olhos na mesa. Apenas se ouvia a minha choradeira e eu deixei de sentir as mãos quentes de Zayn. Saltei com o susto quando alguém me abraçou e reconheci pelo perfume que era a minha mãe. Não consegui aguentar e soltei o peso que sentia no meu peito, chorando cada vez mais contra a camisola dela.
- Pronto – a sua voz era suave – aqui está. Chora tudo, meu amor.
Eu pensava que durante os dias que tinha ficado fechada no quarto, as lágrimas tinham secado e eu tinha chorado tudo. Mas estava enganada. Precisava da minha mãe mais do que nunca.

6 comentários:

  1. Eu continuo aqui!
    O Zayn não aprovaria, ele amaria Debbie!!!!!!
    Espero ansiosamente pelo próximo!
    Muitos beijinhos :*

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    1. DIAAAAAAAANA! dá-me tanta alegria saber que continuas a acompanhar a minha fic!! OBRIGADA mesmo por dois anos aqui :') a fic está muito próxima de acabar, eu apenas estou a adiar o inevitável :( publiquei outro capítulo e brevemente vou publicar mais uns quantos... apenas preciso de tempo disponível, coisa que não tenho :s mas estou a fazer o tudo por tudo x.x beijinhos <3

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  2. ola, gosto muito das tua fic, e já a sigo a muito tempo. Nao conheces ninguem que esteja a escrever alguma fic gira?
    adoro-te bjs

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    1. oioi! obrigada por continuares a segui-la *-* eu só leio fics em inglês, se quiseres posso referir algumas muito boas :) xx adoro-te também <3

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