Não sabia ao certo quanto tempo tinha passado desde que Bella
adormecera. A mãe dela, eventualmente acabou por vir ter ao quarto, para se
certificar que estava tudo bem.
- Tens fome? – Perguntou-me num sussurro, encostando-se na porta.
Neguei com um aceno de cabeça.
- Precisas de comida. – Insistiu.
Olhei para Bella; dormia serena, encostada ao meu peito. Fiz leves
carícias no seu rosto enquanto me afastava. Saí da cama fazendo o menor ruído
possível. Olhei de relance para a sua mãe e saí do quarto, fechando a porta.
Suspirei.
- Anda, Zayn – a mãe dela pegou-me na mão e guiou-me até à cozinha
pequena.
Tirei o leite do frigorífico e agarrei num copo. Sentei-me à frente
da mesa e percebi que me observava. Senti o meu rosto quente.
- Curioso – comentou antes de voltar a cortar o pão.
Foram muitas as noites que passava com Bella no seu quintal. Já sabia
onde os pratos e os copos eram arrumados, onde a sua mãe escondia a chave
suplente da porta principal – debaixo do vaso dos amores-perfeitos – e que
acordava sempre entre as sete e as nove da manhã.
Bebi o leite com alguma relutância, recriminando-me.
- Queijo?
- Sim, por favor.
- Podes ir buscar um prato, por favor?
Reparei que não havia nenhum prato arrumado e deduzi que estavam
empilhados no lava-louça. Depois de me voltar a sentar, Laura olhou para mim.
- Quantas vezes tens vindo cá?
Cerrei os dentes enquanto corria uma mão pelo cabelo. Apeteceu-me
bater com a cabeça na parede; todas as vezes que aqui estivera com o
consentimento de Laura, nunca tinha estado na cozinha, apenas na sala. Suspirei
de novo, não sabendo o que responder.
- Desconfio que tenha sido algumas vezes – continuou a falar.
Colocou um prato à minha frente e eu observei a sanduíche que me
preparara.
- Zayn – chamou-me à atenção. Eu olhei para ela, como um cachorrinho
a ser repreendido – Quando é que não costumas vir cá?
Passei a mão de novo pelo cabelo, antes de responder. Não podia
mentir. Do que me valia?
- Não costumo vir aos sábados, é quando normalmente faço serões com
Sasha ou há algum evento onde tenha de estar. Também não venho às quartas e
quintas.
Laura observava-me na calada. Isso fez-me recordar quando namorava
com Perrie e costumava subir à janela do seu quarto. Normalmente era nos dias
em que a sua mãe estava fora de casa; dava-nos toda a liberdade para fazer sexo
sem sequer o perceber. Não só no quarto como na sala ou na cozinha. Às vezes
durante o banho.
Suspirei, abanando a cabeça.
Agora que pensava nisso, a relação com Perrie resumia-se simplesmente
a escapatórias durante a noite e vez ou outra aparições em público. Assumimos
um relacionamento apenas para encher papéis e capas de revistas e magazines. Eu nunca fui parvo e
aproveitei a situação para conseguir o que um rapaz da minha idade sempre quer.
Claro que Perrie também se regalava com isso. Antes de conhecer Bella sentia-me
bastante confiante, e egocêntrico até, por saber que conseguia qualquer
rapariga.
Às vezes Perrie aborrecia-me. Ela era uma ótima rapariga, não digo o
contrário. Mas se a decisão fosse dela, gritava aos quatro ventos que eu era
dela. Nunca gostei disso.
- Zayn? – Laura chamou-me.
Pisquei os olhos.
- Desculpe. Estava a dizer?
Ela estudou-me o rosto e arqueou uma sobrancelha, suspirando.
- Estava a dizer que se não fosse a situação em que estamos, estavas
a levar um sermão e proibido de cá vir durante duas semanas.
Não disse nada, baixando a cabeça. Teria ela insinuado que o erro fora meu?
- Come. – Mandou solenemente.
Não pensei duas vezes e peguei na sanduíche. O meu estômago roncava,
ansioso. Laura continuava sentada à minha frente, mas nesta altura eu estava
demasiado desconfortável para conseguir criar uma conversa decente. Limitei-me
a acabar o snack de meia noite.
- Eu confesso que pensei que irias fugir da situação.
Olhei para a mãe de Bella. Era parecida com Bella, mas apenas no
formato dos olhos e na linha T do rosto.
- O que quer dizer com isso? – Perguntei, claramente confuso.
- O que achas que quero dizer?
Esta era a primeira vez que tinha uma conversa com Laura sem que
Bells ou Sam estivessem presentes. Era estranho e eu sentia um leve formigueiro
na espinha.
- Não sei – admiti.
Ela revirou os olhos e levantou-se. Pegou no meu prato e no copo e
lavou-os. Continuei à espera duma resposta, enquanto ela acabava de secar a
louça, arrumando-a. Virou-se de frente para mim, encostada à bancada.
- Eu preocupo-me com a minha filha. Posso não ser a melhor mãe do
mundo, mas eu amo-a com tudo o que tenho. É a minha filha e saber que está grávida de um dos rapazes mais famosos
do mundo preocupa-me. E não é pouco. – Respirou fundo. – A Isabela tem dezoito
anos, é apenas uma menina, mas por muito que eu prefira tomar decisões por ela –
parou por um breve momento – sei que não o devo fazer.
A minha garganta estava seca. Eu sabia onde Laura queria chegar. Ia responder,
mas não me deixou.
- Já tens idade suficiente para decidir o que fazer com a tua vida,
Zayn. Não duvido dos tens sentimentos pela Isabela. Mas sei bem como é que
estas situações acabam.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEscreves mesmo bem, mas olha, estive a pensar e a mãe da Bella não falava inglês, logo como é que ela conseguiu falar com o Zayn?
ResponderEliminaraw, obrigada xx a altura destes últimos capítulos é mais ou menos quatro a cinco meses depois da Bella e da família dela se terem mudado para Londres. eu sei, é bastante confuso; nesse tempo a mãe dela foi melhorando o inglês e eu tento fazer com que se note, por vezes, certas dificuldades dela a falar. às vezes traduzo o que escrevo nos diálogos da mãe dela e é relativamente fácil o que ela "fala". quando der um término à fanfic, vou revê-la e melhorá-la muito mais :) obrigada! xx
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